tag:blogger.com,1999:blog-47729241884826354702024-02-18T21:31:37.396-08:00Texto & ContextoO seu ponto de encontro com a literatura, artes, mídias e configurações da imprensa contemporâneaTexto & Contextohttp://www.blogger.com/profile/13031835655652946422noreply@blogger.comBlogger84125tag:blogger.com,1999:blog-4772924188482635470.post-74410916323011675632016-02-20T12:04:00.000-08:002016-02-20T12:04:02.231-08:00Oscar 2016: A beleza brutal de "O Regresso"<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhYwF025QJgX8B5so44aeNwCf6Z8-7HEWhOK29wWmtlPOeYpLNDYDMGk8aGwAjHze5D4hXdjpc1sHCRW-echvoFr7uQWYLvpChJex2cCLVEtTWR61lKCMs6Tp1i6wUAI5EJn4KcoXp2Jtk/s1600/O-Regresso-poster1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhYwF025QJgX8B5so44aeNwCf6Z8-7HEWhOK29wWmtlPOeYpLNDYDMGk8aGwAjHze5D4hXdjpc1sHCRW-echvoFr7uQWYLvpChJex2cCLVEtTWR61lKCMs6Tp1i6wUAI5EJn4KcoXp2Jtk/s400/O-Regresso-poster1.jpg" width="400" /></a></div>
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<b>Guilherme Haas</b></div>
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<br /></div>
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<br /></div>
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Em Birdman, filme vencedor do Oscar no ano passado, o diretor Alejandro G. Iñárritu teceu uma história sobre os bastidores da Broadway (e da cultura da fama nos Estados Unidos) com incrível habilidade, construindo toda a narrativa como um único plano-sequência. A impressão da ausência de cortes amplificou a tensão do enredo, acompanhando a jornada de loucura de um ator em uma peça de teatro.</div>
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<br /></div>
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Em O Regresso, Iñárritu volta a demonstrar técnicas incríveis de realização, deixando sua câmera rodar por longos planos entre batalhas, ataques de urso, perseguições a cavalo e outras adversidades de um mundo selvagem. O cineasta tem um olhar como poucos; o diretor cria enquadramentos belíssimos e impactantes, seja em sequências de ação, em imagens mais intimistas ou até mesmo simbólicas.</div>
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<br /></div>
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O longa começa com um ataque de nativos americanos a uma equipe de caçadores de pele e couro que exploram a região da Louisiana. Iñárritu passeia com sua câmera entre as entranhas desse confronto, estabelecendo em grandes planos todo o cenário da ação. Mesmo na brutalidade da guerra, o diretor registra cenas bonitas e de encher os olhos, deixando sua assinatura em cada frame.</div>
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<br /></div>
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A trama do filme é, na verdade, bastante simples: o enredo acompanha a busca de vingança do personagem Hugh Glass (uma figura real), que foi deixado para morrer por sua equipe depois de sofrer um violento ataque de um urso. Na pele do explorador, Leonardo DiCaprio passa por diversas adversidades ao longo da narrativa, e é a presença do astro – em um papel que deve finalmente lhe render o Oscar – que prende os espectadores nessa jornada.</div>
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<br /></div>
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Há uma perfeita sintonia entre a interpretação visceral de DiCaprio e as lentes de Iñárritu. Muito se falou sobre as dificuldades enfrentadas pela produção nos bastidores, incluindo rusgas entre o astro e seu diretor, mas como disse Iñárritu em seu recentemente agradecimento de vitória no Globo de Ouro: “o cansaço é temporário, já o filme fica para sempre”.</div>
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<br /></div>
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Certamente, O Regresso é uma obra máxima, um feito notável e uma realização cinematográfica incrível. É possível que a temática selvagem, com uma trama que se passa nos anos 1820 em um ambiente inóspito, possa assustar o grande público. O longa tem mesmo um acabamento mais artístico do que a maioria das produções, o que deve ser levado em conta pelos espectadores que cogiram pegar uma sessão. Quem assistir, porém, deve se deslumbrar com a técnica e com a beleza brutal de O Regresso.</div>
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<br /></div>
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<b>Fonte:</b> <b><i><a href="http://www.minhaserie.com.br/novidades/25724-critica-a-beleza-brutal-de-o-regresso-com-leonardo-dicaprio">Minha série</a></i></b></div>
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<span style="color: #0000ee;"><b><i><u><br /></u></i></b></span></div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgsgsSljQPgVQ4cUH_KE0XPq3B_ejIiK2L9WFkeR8-Q_dAb3emtATQIGS27GzJmyQLxU6ATsfDsgqgnM2ZzVzq2bt2OmK3nTR1NmiAixc3oapLtGKW8lAC2C-xWeuceGyFLJ81QuSq09hw/s1600/000000+%25281%2529.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="179" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgsgsSljQPgVQ4cUH_KE0XPq3B_ejIiK2L9WFkeR8-Q_dAb3emtATQIGS27GzJmyQLxU6ATsfDsgqgnM2ZzVzq2bt2OmK3nTR1NmiAixc3oapLtGKW8lAC2C-xWeuceGyFLJ81QuSq09hw/s320/000000+%25281%2529.jpg" width="320" /></a><b><span style="color: #990000;">Indicações ao Oscar 2016:</span></b></div>
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<b><span style="color: #990000;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: right;">
<i>> Melhor filme</i></div>
<div style="text-align: right;">
<i>> Melhor ator</i></div>
<div style="text-align: right;">
<i>> Melhor diretor</i></div>
<div style="text-align: right;">
<i>> Melhor design de produção</i></div>
<div style="text-align: right;">
<i>> Melhor fotografia</i></div>
<div style="text-align: right;">
<i>> Melhor figurino</i></div>
<div style="text-align: right;">
<i>> Melhores efeitos especiais</i></div>
<div style="text-align: right;">
<i>> Melhor montagem</i></div>
<div style="text-align: right;">
<i>> Melhor ator coadjuvante</i></div>
<div style="text-align: right;">
<i>> Melhor edição de som</i></div>
<div style="text-align: right;">
<i>> Melhor mixagem</i></div>
<div style="text-align: right;">
<i>> Melhor cabelo e maquiagem</i></div>
<div style="text-align: right;">
<b><span style="color: #990000;"><br /></span></b></div>
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<span style="color: #0000ee;"><b><i><u><br /></u></i></b></span><b><i><a href="http://www.minhaserie.com.br/novidades/25724-critica-a-beleza-brutal-de-o-regresso-com-leonardo-dicaprio"></a></i></b></div>
Texto & Contextohttp://www.blogger.com/profile/13031835655652946422noreply@blogger.com0São Carlos, São Carlos - SP, Brasil-22.0087082 -47.89092629999999-22.126472200000002 -48.052287799999988 -21.8909442 -47.729564799999991tag:blogger.com,1999:blog-4772924188482635470.post-28512722743073728212016-02-09T09:47:00.000-08:002016-02-09T09:47:27.702-08:00Oscar 2016 - O menino e o mundo: A triste vida dos adultos<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhBtC9yN44QOhJl4iTE8UforqDHAhh8gG_8xnKwEf41fKWJ-IntWsXWvI-2vPirSL25Kff4G9XwLC-VTUmZmpQfcLOgVt7zOveqHGrXpR3lIRN9Qru7pIuZND0CHbbbChcR7BtCj6YJuWk/s1600/menino.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="223" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhBtC9yN44QOhJl4iTE8UforqDHAhh8gG_8xnKwEf41fKWJ-IntWsXWvI-2vPirSL25Kff4G9XwLC-VTUmZmpQfcLOgVt7zOveqHGrXpR3lIRN9Qru7pIuZND0CHbbbChcR7BtCj6YJuWk/s400/menino.png" width="400" /></a></div>
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<b>Bruno Carmelo</b></div>
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<br /></div>
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Os traços desta animação brasileira sugerem a ingenuidade, a infantilidade. O personagem principal é desenhado com um rabisco simples, em 2D, sobre espaços brancos remetendo a folhas de papel. A evolução do cinema animado tem sido cada vez mais associada ao desenvolvimento tecnológico, de modo que assistir a O Menino e o Mundo provoca uma surpresa. Enquanto as grandes produções buscam os traços realistas (como o cabelo ultra natural do príncipe de Shrek, ou a grande expressividade do robô Wall-E) para compor mundos mágicos, este filme faz o caminho inverso: usa traços que beiram o surreal para falar de um Brasil bastante palpável e contemporâneo.</div>
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<br /></div>
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O Menino e o Mundo - FotoA história, sabiamente contada sem palavra alguma (algo que pode facilitar a exportação do filme), mostra uma criança pobre cujo pai abandona a família para ir trabalhar em algum lugar distante. O cenário familiar é rural, mas o mundo para onde partem os adultos é o da cidade grande. Estes ambientes – personagens centrais à trama – ganham uma caracterização expressiva e inteligente: enquanto o campo é simbolizado por pequenos traços coloridos (referente à grama, à felicidade), a cidade é uma mistura cinzenta de pesadelo futurista (com favelas em formas de cones) e pastiche do capitalismo (outdoors, televisores por todos os lados). O trem que atravessa a fazenda nada mais é do que um monstro gigantesco, como uma serpente, que engole os adultos e depois desaparece no espaço branco, sem devolvê-los mais.</div>
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<br /></div>
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Com um ritmo agradável, sem apelar para a montagem frenética das animações infantis hollywoodianas, o diretor Alê Abreu dedica-se a representar de maneira lúdica os espaços e as configurações do mundo contemporâneo. A exploração dos agricultores, a falência das fábricas, a tristeza dos tecelões, a precariedade dos artistas de rua, a falta de estrutura nas comunidades carentes, o regime militar... Tudo é retratado de modo a misturar o sonho (a bela música das favelas) com o pesadelo (os tanques de guerra, transformados em animais gigantescos). Os pobres são humanizados ao máximo, com a câmera próxima dos pequenos traços que representam os seus olhos tristes, já os poderosos estão escondidos atrás de tanques e veículos potentes.</div>
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<br /></div>
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O Menino e O Mundo também impressiona pela mistura de técnicas, incluindo colagens, carros feitos por computador (representando a desigualdade social) e mesmo imagens em estilo documentário, de árvores sendo cortadas em florestas. Junto da trilha sonora de cunho social, composta pelo rapper Emicida, fica evidente a notável ambição deste filme de entreter ao mesmo tempo em que estabelece uma mensagem muito clara sobre a sociedade atual. Talvez as crianças não consigam entender todas as referências históricas, mas nem precisa: a simples sensibilização às desigualdades como mensagem central já é um tema raro e precioso em meio a tantas produções que preferem martelar na cabeça dos pequenos os mesmos valores de amor familiar.</div>
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<br /></div>
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Esta acaba sendo uma produção triste, amarga, por trás do tom colorido da superfície. O Menino e o Mundo lembra produções como A Viagem de Chihiro ou O Mágico, de mestres da animação Hayao Miyazaki e Sylvain Chomet, que contrastaram muito bem o mundo idealizado da infância à vida embrutecida dos adultos. O tom de melancolia impregna este filme de excelente qualidade técnica, além de uma inventividade ímpar na representação dos espaços e do som (quer cena mais bonita do que o garoto guardando numa caixa a música tocada pelo seu pai?). Esta é uma produção capaz de divertir e suscitar a reflexão de crianças e adultos, por razões diferentes e em níveis distintos. Estas qualidades fazem de O Menino e o Mundo um filme muito mais complexo e rico do que os seus simples traços permitem imaginar.</div>
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<br /></div>
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<b>Fonte: <i><a href="http://www.adorocinema.com/filmes/filme-202641/criticas-adorocinema/">Adoro Cinema</a></i></b></div>
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<b><br /></b></div>
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<b><br /></b></div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgu0ReYQ9hL20jONnM3h9O9T4kS_JYchA6GDG_9UFdStCtQYEDniLxZr8UzOQ52Z7MMCiWVjIS2fSt7M6l4R42Eq5ZG1OCByLqJUkZ4qN2SdzXavOpJUrp4esSlDcoPQHke3pqZrIAmazM/s1600/000000+%25281%2529.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="179" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgu0ReYQ9hL20jONnM3h9O9T4kS_JYchA6GDG_9UFdStCtQYEDniLxZr8UzOQ52Z7MMCiWVjIS2fSt7M6l4R42Eq5ZG1OCByLqJUkZ4qN2SdzXavOpJUrp4esSlDcoPQHke3pqZrIAmazM/s320/000000+%25281%2529.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: right;">
<b><span style="color: #990000;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: right;">
<b><span style="color: #990000;"><br /></span></b></div>
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<b><span style="color: #990000;">Indicação ao Oscar 2016</span></b></div>
<div style="text-align: right;">
<i>> Melhor animação</i></div>
Texto & Contextohttp://www.blogger.com/profile/13031835655652946422noreply@blogger.com0São Carlos, São Carlos - SP, Brasil-22.0087082 -47.89092629999999-22.126472200000002 -48.052287799999988 -21.8909442 -47.729564799999991tag:blogger.com,1999:blog-4772924188482635470.post-57521019587275244752016-02-02T10:14:00.001-08:002016-02-02T10:14:09.045-08:00Oscar 2016 - "Os Oito Odiados": 8 motivos para amar ou odiar o novo filme de Tarantino<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEifQ0ipM1IUH3ZaYMQEDFgwm0NG3gps_hbvwCQrpXIB0OVJLzOX4qilO1lUc5H_hE5PbuWxvaBbnQoFCQg2diK0SrQb2iHFCeFDoQ7aEJucimi9aJ3DuFOE7vw3eZZIr29J2utaiLuu0nU/s1600/Os-Oito-Odiados.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="225" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEifQ0ipM1IUH3ZaYMQEDFgwm0NG3gps_hbvwCQrpXIB0OVJLzOX4qilO1lUc5H_hE5PbuWxvaBbnQoFCQg2diK0SrQb2iHFCeFDoQ7aEJucimi9aJ3DuFOE7vw3eZZIr29J2utaiLuu0nU/s400/Os-Oito-Odiados.jpg" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Diego Assis</b></div>
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<b>Natalia Engler</b></div>
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<br /></div>
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O oitavo filme de Quentin Tarantino como diretor, "Os Oito Odiados", chega ao Brasil depois de ter dividido a crítica em sua estreia nos Estados Unidos. </div>
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<br /></div>
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No longa, que se passa alguns anos depois da Guerra Civil americana, um grupo de desconhecidos é obrigado a passar a noite em uma estalagem isolada durante uma nevasca. Entre os presentes estão os caçadores de recompensa Marquis Warren (Samuel L. Jackson) e John Ruth (Kurt Russell). Este último está transportando uma foragida da justiça, Daisy Domergue (Jennifer Jason Leigh), e logo desconfia que alguém no grupo está ali para libertá-la. A tensão logo sairá do controle para desembocar em uma situação bem tarantinesca.</div>
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<br /></div>
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Apesar da premissa interessante, nem todo mundo continua fã incondicional do diretor de "Cães de Aluguel" e "Pulp Fiction" depois de assistir ao filme, e o longa alcançou uma média em torno de apenas 70% de aprovação em sites como o Metacritic e o Rotten Tomatoes, que reúnem e quantificam as avaliações dos críticos de cinema dos principais jornais e veículos do mundo.</div>
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<br /></div>
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Na redação do UOL, não foi diferente: teve quem aplaudisse e quem torcesse o nariz para o longa. Na impossibilidade de chegar a um acordo, listamos quatro motivos para amar e quatro motivos para odiar "Os Oito Odiados". Sirva-se à vontade e deixe o seu veredito na área de comentários abaixo.</div>
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<br /></div>
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<b>4 motivos para amar "Os Oito Odiados"</b></div>
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<b><br /></b></div>
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<b>> O elenco</b></div>
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<br /></div>
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Se tem uma coisa que Tarantino sabe fazer como ninguém é escalar o seu time - um mix de velhos conhecidos da casa com atores consagrados, mas ligeiramente esquecidos. Nesse quesito, "Os Oito Odiados" é uma festa: tem Samuel L. Jackson em seu melhor papel em um filme de Tarantino desde "Pulp Fiction", tem Tim Roth e Michael Madsen emprestando o charme vintage de "Cães de Aluguel", tem Kurt Russell com credenciais que são a cara do diretor (astro de ação meio decadente, ex-talento mirim da Disney, anti-herói de filmes de John Carpenter, sósia de Elvis Presley em "3000 Milhas para o Inferno"...). Mas nada disso adiantaria não fosse o talento único de Tarantino para dirigir seu elenco, especialmente nos longos e intrincados diálogos que já se tornaram sua marca registrada.</div>
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<br /></div>
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<b>>A trilha sonora</b></div>
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<br /></div>
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Assim como bons olhos para escolher atores, Tarantino tem também uma sensibilidade ímpar para trabalhar as trilhas em seus filmes, garimpando e costurando pérolas da soul music, do pop radiofônico e das próprias trilhas de outros filmes antigos, fazendo-as servir ao clima que deseja dar à cena. Neste "Oito Odiados" ele passa a batuta para o compositor Ennio Morricone, que talvez você possa não conhecer de nome, mas certamente vai reconhecer "de ouvido" se já assistiu a um clássico de faroeste na vida. É essa música instrumental, ora sutil e minimalista, ora mais dinâmica e épica, que acompanha o público do começo ao fim do filme, ajudando a criar a atmosfera de suspense e ameaça à espreita que o roteiro - em que ninguém é exatamente o que parece ser - exige.</div>
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<br /></div>
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<b>> O passado --e o futuro-- do cinema</b></div>
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<br /></div>
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Não se engane pelo cenário e os personagens: há muito mais que uma homenagem aos filmes de faroeste de Sergio Leone e John Ford em "Os Oito Odiados". Como tudo no "metacinema" de Tarantino, há também citações a outros clássicos do cinema e da literatura, às histórias de mistério de Agatha Christie e do detetive Sherlock Holmes e a diretores como Alfred Hitchcock e Robert Altman. Sua paixão e dedicação pela história do cinema é tamanha que ele mandou praticamente "ressuscitar" um formato esquecido de negativo de cinema, o Ultra Panavision 70, para gravar e projetar o novo longa do jeito que imaginou. Se as salas de cinema não fecham as portas de uma vez por todas e se rendem a formatos bem mais cômodos - como as projeções digitais e serviços de "cinema em casa" como o Netflix -, é a caras como ele e Martin Scorsese que você deve agradecer.</div>
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<br /></div>
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<b>> Porque parece "Cães de Aluguel"</b></div>
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<br /></div>
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De uns tempos para cá, parece que releitura virou pecado. Primeiro, os fãs xiitas de "Star Wars" reclamando que o novo "O Despertar da Força" é cópia do original, "Uma Nova Esperança". Agora, bastaram as primeiras sessões de "Os Oito Odiados" para parte da crítica e do público desdenhar do filme como mais do mesmo: "Ele já fez isso em 'Cães de Aluguel'..." Bem, "Cães de Aluguel", de 1992, foi o primeiro longa de Tarantino e apontado pelo próprio como um de seus melhores trabalhos. Então por que, 24 anos depois, mais experiente e maduro, ele não pode revisitar algo que deu certo, mudar alguns ingredientes e servir numa nova embalagem? Sim, o filme usa o mesmo recurso de confinar personagens em uma sala enquanto um mistério vai sendo aos poucos revelado/desvendado, mas até aí podemos dizer o mesmo de "Festim Diabólico" (1948), de "12 Homens e uma Sentença" (1957), de "O Anjo Exterminador" (1962), de "Assassinato em Gosford Park" (2001) e até de "Jogos Mortais" (2004), ora bolas!</div>
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<br /></div>
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<br /></div>
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<b>4 motivos para odiar "Os Oito Odiados"</b></div>
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<b><br /></b></div>
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<b>> Porque parece "Cães de Aluguel" --só que pior</b></div>
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<br /></div>
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Você já sabe que "Os Oito Odiados" foi comparado a "Cães de Aluguel", um dos melhores filmes de Tarantino. Mas isso não é necessariamente bom. De fato, os melhores momentos do novo longa emergem da repetição da fórmula do primeiro filme do diretor: alguém não é exatamente quem diz ser e os personagens tentam não perder a cabeça enquanto especulam quem é o traidor, antes que tudo acabe em um inevitável banho de sangue. A repetição já dá indicações sobre como as coisas vão se desenrolar, tirando um pouco da graça, mas isso não seria um problema se a execução nos reservasse pequenas revelações e bons momentos. Só que as soluções dadas aqui pelo diretor não têm metade da elegância do filme de 1992.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>> O didatismo excessivo</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Até chegar ao ápice, "Os Oito Odiados" é bem quadrado em seu formato, dividido em capítulos, e com diálogos didáticos, que apresentam ao espectador quase toda a história pregressa dos personagens principais, ou ao menos versões delas. Até aí, até que não incomoda tanto. Mas, quando o mistério está prestes a ser revelado, a ação é interrompida por uma explicação minuciosa de tudo que havia sido ocultado até o momento, em forma de flashback, com direito a narração do próprio Tarantino, para assegurar que o público não perca nada de importante. OK, sabemos que é uma referência a filmes de mistério no estilo Agatha Christie, mas faz pouco sentido revelar tudo antes mesmo do nosso Poirot ter descoberto a verdade. </div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>> A misoginia</b></div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Quando o filme começa, ficamos com a impressão de que Daisy (Jennifer Jason Leigh) será um dos pontos centrais da trama, já que ela é o motivo que leva quase todos os personagens à estalagem isolada onde se encontram. Mas, conforme a história avança, ela nunca assume uma posição ativa. É sempre objeto, principalmente da violência e desprezo dos outros personagens, prontos a arrastá-la para lá e para cá com uma corrente e espancá-la gratuitamente, transformando-a em um caricatural saco de pancadas --olho roxo, dentes quebrados, rosto coberto de sangue... Não ficamos sabendo nem mesmo quais os crimes terríveis cometidos por ela, que justificam o alto preço oferecido por sua cabeça, e até seu final será menos digno do que o dos outros personagens, embora logo fique claro que ninguém vai se dar bem ali.</div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>> A violência pela violência</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Quando "Os Oito Odiados" termina, tem-se a impressão de que Tarantino tentou entregar um comentário sobre a bizarra colcha de retalhos que forma a sociedade norte-americana atual, as consequências da escravidão, o racismo e as ressonâncias que a Guerra Civil tem até hoje. Mas a crítica nunca toma uma forma coesa e todo seu potencial escapa pelos dedos do diretor quando o filme finalmente se torna o banho de sangue prometido desde o começo. No final, dissolvem-se as referências aos faroestes e filmes de mistério e tudo se resolve como em um terror B: com carnificina e sadismo, em um nível excessivo até para um filme de Tarantino. A premissa que sobra é: se você colocar um bando de pessoas perversas em um mesmo espaço, elas vão acabar se matando. O único mistério é como - e esse como não justifica as quase três horas de sangue e alguns diálogos espertos. Sobra um niilismo cansativo e autorreferente.</div>
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<b>Fonte:</b> <a href="http://cinema.uol.com.br/noticias/redacao/2016/01/07/os-oito-odiados-8-motivos-para-amar-ou-odiar-o-novo-filme-de-tarantino.htm">Cinema UOL</a></div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjEHl66TysIuwIhzFtxrbZsxIk9mYTLJ257zXFOnvxqT8_GvdVqcgDeT1rDdscL0ph-xmf2yNfLKdn7sq7dsZ0lS6CvzGH-6CZ0qPpGAGPEA7vjxxHPt70q9RPI4uICs9VsnSE4XDhXDNk/s1600/000000+%25281%2529.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="179" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjEHl66TysIuwIhzFtxrbZsxIk9mYTLJ257zXFOnvxqT8_GvdVqcgDeT1rDdscL0ph-xmf2yNfLKdn7sq7dsZ0lS6CvzGH-6CZ0qPpGAGPEA7vjxxHPt70q9RPI4uICs9VsnSE4XDhXDNk/s320/000000+%25281%2529.jpg" width="320" /></a><b><span style="color: #990000;">Indicações ao Oscar 2016:</span></b></div>
<div style="text-align: right;">
<i>> Melhor trilha sonora</i></div>
<div style="text-align: right;">
<i>> Melhor atriz coadjuvante</i></div>
<div style="text-align: right;">
<i>> Melhor fotografia</i></div>
Texto & Contextohttp://www.blogger.com/profile/13031835655652946422noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4772924188482635470.post-1630336209440670972015-06-04T15:57:00.003-07:002015-06-04T15:57:46.529-07:00Dia dos namorados - Uma história de amor em um campo de concentração nazista<div style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgLEJekEOGfEE1HoQzjiDxahj_VUjhreufF1ecZWLa2XjbYxOpMOIqjNn58vQGK2G6b07CZQdKdMuTqF_0CugFhI9BN5VtJbj6n5CrL4KM0n2BOLLKuC4EIjr0-DG2-TlPnSSDBmjoquOU/s1600/am.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgLEJekEOGfEE1HoQzjiDxahj_VUjhreufF1ecZWLa2XjbYxOpMOIqjNn58vQGK2G6b07CZQdKdMuTqF_0CugFhI9BN5VtJbj6n5CrL4KM0n2BOLLKuC4EIjr0-DG2-TlPnSSDBmjoquOU/s1600/am.jpg" /></a>Manhã fria de 1942. Em um campo de concentração nazista, Shimon olha através de uma cerca de arame farpado e vê uma jovem linda como a luz do sol, seu nome é Anne. A garota também o vê e seu coração pula como um cabrito perseguido por um enxame de abelhas. Ela quer expressar seus sentimentos e atira uma maçã vermelha pela cerca. A maçã lhe traz vida, esperança e amor. Shimon a recolhe e um raio de luz ilumina seu mundo obscuro. Ele não dorme aquela noite. O rosto angelical e o sorriso tímido de Anne vêm à sua lembrança.</div>
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<br /></div>
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No dia seguinte, tem uma vontade louca de tornar a vê-la. Aproxima-se outra vez da cerca e, para sua surpresa, vê Anne de novo. Ela aguarda a chegada misteriosa do jovem que tocou seu coração. Ali está ela, com outra maçã vermelha na mão.</div>
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<br /></div>
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Faz muito frio. O vento gelado sopra, produzindo um lamento triste. Apesar disso, dois corações se aquecem pelo amor enquanto as maçãs atravessam a cerca. O incidente se repete vários dias. Dois jovens, de lados opostos da cerca, buscam um ao outro. Só por um momento. Apenas para trocar olhares ternos. O encontro é chama que arde. O sentimento inexplicável de ambos é o combustível.</div>
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<br /></div>
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Certo dia, ao fim desses momentos doces, Shimon lhe diz com expressão triste:</div>
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─ Amanhã não me traga a maçã. Não estarei mais aqui; vou ser enviada a outro campo de concentração.</div>
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Aquela tarde o rapaz vai triste, com o coração partido. Talvez nunca mais volte a vê-la.</div>
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<br /></div>
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Desde aquele dia, a imagem linda da doce jovem aparece em sua mente em momentos de tristeza. Seus olhos, as poucas palavras, a maçã vermelha. Para ele, tudo é alegria na tristeza. Sua família morre na guerra. Sua vida é quase destruída, mas nos momentos mais difíceis a imagem da jovem de sorriso tímido lhe traz alegria, alento e esperança.</div>
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<br /></div>
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Os anos passam. Um dia, nos Estados Unidos, dois adultos se conhecem por acaso em um restaurante. Conversam da vida. Falam de seus encontros e desencontros.</div>
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─ Bem, onde você esteve durante a guerra? - pergunta a mulher.</div>
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─ Estive em um campo de concentração na Alemanha - responde o homem.</div>
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Eu me lembro de que jogava maçãs através da cerca a um jovem que também estava no campo de concentração - recorda a mulher.</div>
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<br /></div>
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Com o coração aos saltos, quase lhe saindo pela boca, o homem balbucia:</div>
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─ E este jovem lhe disse um dia: "Amanhã não me traga a maçã, porque que vão me levar para outro campo de concentração"?</div>
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<br /></div>
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─ Sim - ela responde, pressentindo algo maravilhoso. ─Mas como você pode saber isso?</div>
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Ele a olha nos olhos, como se olha para uma estrela, e lhe diz:</div>
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─ Eu era esse jovem.</div>
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<br /></div>
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Silêncio. Tantas lembranças, tanta saudade, tanta esperança de voltar a vê-la! As palavras quase não lhe saem, mas continua:</div>
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─ Separaram-me de você um dia, mas nunca perdi a esperança de voltar a vê-la. Quer se casar comigo?</div>
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Abraçam-se bem forte, enquanto ela sussurra em seus ouvidos:</div>
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─ Sim, claro que sim, mil vezes sim.</div>
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<span style="font-size: x-small;"><b><i>Os nomes dos personagens são fictícios, porém a história é real. Em 1996, em um programa de Oprah Winfrey em rede nacional nos EUA, após relato desta história, Shimon disse a Anne: “Você me alimentou em um campo de concentração, me alimentou de esperança ao longo dos anos. Agora eu continuo com fome, mas apenas com fome de seu amor”.</i></b></span></div>
Texto & Contextohttp://www.blogger.com/profile/13031835655652946422noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4772924188482635470.post-44262567001566772812014-02-02T12:50:00.000-08:002014-02-02T12:50:26.984-08:00A redenção da bicha má (e da TV Globo também)<div style="text-align: justify;">
<b>Rodrigo Constantino</b></div>
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Um espanto! Essa foi minha reação diante da reação de muita gente ao último capítulo da novela “Amor à vida” ontem, especialmente com o beijo gay entre Félix e Niko.</div>
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Antes de tecer meus comentários, porém, é preciso ressaltar que só devo ter visto uns 15 capítulos da novela toda, ainda assim pela metade e jogando sueca no iPad. Logo, não sou profundo conhecedor da causa.</div>
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Comecemos pelo óbvio: poucas vezes se viu um show de imoralidades como nessa novela. Parece que cada personagem que merecia nosso repúdio era tratado como herói. Deixo o melhor para o final. Vamos ao que me lembro.</div>
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A mãe da Valdirene, Márcia, é uma ótima pessoa, cheia de boas intenções, com um coração enorme, que só quer o melhor para a filha. E isso significa passar a novela toda insistindo para que ela desse o golpe da barriga e fisgasse um cara rico. Uma mãe e tanto! Quanto amor, quanta nobreza de caráter.</div>
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O Thales é um escritor romântico, mas que é apaixonado por uma víbora que só pensa em dinheiro e não mede esforços para obtê-lo, jogando o namorado no colo das belas ruivas ricas em busca do vil metal. Thales acaba se casando com uma delas, dois pombinhos apaixonados, e cheios de dignidade. O amor salva, sempre.</div>
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O quarteto formado por Michel, Patrícia, Sílvia e Guto passa a novela toda pensando apenas em sexo, se traindo, voltando, traindo mais um pouco, e todos mui amigos no final, dando alfinetadas maliciosas por pura brincadeira. Promiscuidade é pouco para descrever o joguinho cansativo da turma.</div>
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Rafael é um ótimo rapaz que se apaixonou por uma autista (que não se comporta como uma de forma alguma). Em vez de ser visto como um pervertido que abusa de uma incapaz, é a melhor pessoa do mundo. Advogado supostamente inteligente, não consegue trocar 5 frases direito com a namorada, mas quem liga? O amor é lindo.</div>
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Pérsio flertava com o terrorismo islâmico, mas se encanta com uma judia, e novamente o amor salva tudo. Se os pais dela ficam com o pé atrás, não aprovam o namoro ou se mostram incomodados com o passado do rapaz, isso só pode ser preconceito, claro. Ora, quem nunca quis jogar umas bombinhas nos outros porque são de religiões diferentes?</div>
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<br /></div>
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E por aí vai. Não vou me alongar, por falta de memória ou para não ficar cansativo. Adiantamos o filme até chegar na família rica e mais desestruturada da história das novelas. César é um canalha completo e Pilar, que parecia legal, planejou um atentado para matar uma rival (tudo sempre com a justificativa de que sentia muito ciúmes). Aquela casa parecia um hospício!</div>
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<br /></div>
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Félix… ah, o Félix! A bicha má caiu nas graças do público, e o autor teve de criar sua redenção. Um sujeito que nunca quis saber do próprio filho, que jogou a própria sobrinha recém-nascida em uma caçamba para morrer abandonada, que tentou matar uma pessoa pois ela havia descoberto suas falcatruas, esse mesmo Félix virou a melhor pessoa do mundo e descobriu a pureza na vida simples e pobre! Viva Rousseau!</div>
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<br /></div>
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Se até o Félix tem jeito, e não apenas de se arrepender dos pecados, mas de se tornar a mais nobre alma do planeta (ao menos da novela), então tudo sem salvação! Fernandinho Beira-Mar pode ser até o próximo papa! Marcola pode ser canonizado um dia! Lula pode ser o presidente da República! Ops…</div>
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Sei o que alguns vão dizer: é só ficção. Concordo. Mas tem um detalhe: a própria novela assim não se vê. Fosse o caso, não cederia a tanta pressão politicamente correta e não faria maçantes discursos “educativos” o tempo todo. Logo, o autor sabe do papel não-ficcional e “pedagógico” que novelas da Globo tem no Brasil, país com muitos ignorantes e analfabetos. Só que usa isso para mensagens bem questionáveis, para dizer o mínimo.</div>
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<br /></div>
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O único casal correto da novela, Bruno e Paloma, era também o mais chato de todos. E, lógico, politicamente correto: a rica empresária que assumiu o comando do hospital não liga para o lucro, e só pensa em fazer caridade (detalhe: sem lucro, o hospital não poderia sobreviver, inclusive para fazer caridades). Fica assim: se é decente, tem que ser pentelho.</div>
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<br /></div>
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Chegamos, finalmente, ao tão falado beijo gay. Sério que precisa causar tanta comoção assim? Soube que um deputado afetado deu pulinhos de alegria. Menos. Não vou negar que representa uma conquista sob o ponto de vista do movimento gay (longe de ser, então, uma conquista dos brasileiros). Mas para que tanta euforia?</div>
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<br /></div>
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Duas coisas chamam a minha atenção: a turma esquerdista do relativismo moral assiste novela da Globo! Apesar de a Rede Globo ser vista como o demônio por eles, na hora em que tasca um beijinho de gays na tela, a mesma galerinha vai ao delírio e passa a nutrir profunda paixão pela Globo “progressista”. Curioso, não? A Globo é reacionária ou avançadinha? É PIG ou JEG?</div>
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Segundo: os “tolerantes” querem impor, de qualquer jeito, suas preferências aos demais, sem tolerar de fato o que pensam ou sentem. Por que digo isso? Porque algumas pessoas podem, simplesmente, sentir aversão natural à imagem de dois homens barbados se beijando. É um direito deles.</div>
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<br /></div>
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Ninguém deve ser obrigado a achar “lindo” um beijo entre dois homens. Não são pela “diversidade”? Então que aceitem a verdadeira diversidade, inclusive com pessoas que não apreciam esteticamente um beijo entre machos. Ou não? Ou vão tirar a máscara e admitir que são autoritários, intolerantes, e querem um mundo onde todos pensem como vocês?</div>
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<br /></div>
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Dito isso, esse pessoal é tão militante que coloca essa questão como prioritária. E eis que o beijo entre Félix e Niko passa a ser a coisa mais importante do mundo, e dane-se quem era o Félix. Como liberal, que aprendeu com o discurso de Martin Luther King Jr. algumas coisas, prefiro julgar o caráter das pessoas, não a cor da pele ou a preferência sexual.</div>
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<br /></div>
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Jamais teria como herói alguém que tentou matar um bebezinho (que era sua própria sobrinha, para adicionar insulto à injúria). Qualquer pessoa razoável, creio eu, torceria para alguém assim acabar atrás das grades na vida real. Mas muito brasileiro é sentimental demais, romântico, e adora uma reviravolta incrível como a da bicha má. Confundem ter simpatia pelo personagem engraçado com precisar admirar sua pessoa.</div>
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Aliás, Félix era engraçado porque era mau, porque não ligava para os freios politicamente corretos que essa turma adora. Com aquelas suas tiradas hereges e hilárias, do tipo “será que eu toquei bumbo no Sermão da Montanha para merecer isso?”, ou “devo ter dançado pagode com a Rainha de Sabá para merecer isso”, o personagem virou a sensação no país.</div>
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Se a novela continuasse após o “fim”, como seria o “novo” Félix, agora totalmente reformado, bonzinho, perdoado até pelo “papi soberano”? Seria um chato de galochas, ora! Seria, afinal, mais um ícone perfeito do politicamente correto, que mede cada palavra para não ofender ninguém. Imagino até que se tornaria um ecochato comedor de granola e tofu orgânico, e ficaria abraçando árvores e aplaudindo o pôr do sol…</div>
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<br /></div>
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Em geral, essa é a visão que fiquei da novela de Walcyr Carrasco. A redenção da bicha má é exagerada, soa falsa, impossível e até ultrajante. Pau que ”nasce” tão torto nunca se endireita. Mas os militantes do movimento gay não querem saber disso. Passaram a amar o Félix, só porque protagonizou um beijo gay na novela. O problema de todo coletivista é esse: coloca seu único critério de julgamento como o relevante, e tudo o mais que vá para o inferno!</div>
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<br /></div>
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PS: Mateus Solano deixou sua marca como um dos melhores atores que o Brasil já teve. Fica aqui meus parabéns por sua atuação impecável. Carregou nas costas a audiência da novela, e merece esse reconhecimento por seu talento fora de série.</div>
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<br /></div>
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<b>Fonte: </b><i><a href="http://veja.abril.com.br/blog/rodrigo-constantino/cultura/a-redencao-da-bicha-ma-e-da-tv-globo-tambem/">Blog do Rodrigo Constantino</a></i></div>
Texto & Contextohttp://www.blogger.com/profile/13031835655652946422noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4772924188482635470.post-68016304738696643322013-02-03T17:30:00.000-08:002013-02-03T17:30:01.007-08:00Oscar 2013 - Spielberg tira fantasma de Lincoln do mármore<br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiSQt_1bZ8IopmlIif2TklBJZWYhMnhcE-PaZx2BXJQfp73_mYxYHNIrW8ZHtQY7DXKfqKQ-wcpsIkMseGlQcdCK8z5vAHM9Pbbrw3RqFAoMlZo-O9025w5f4WAHVJcf4g8ceylb0s_mwM/s1600/Lincoln.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="166" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiSQt_1bZ8IopmlIif2TklBJZWYhMnhcE-PaZx2BXJQfp73_mYxYHNIrW8ZHtQY7DXKfqKQ-wcpsIkMseGlQcdCK8z5vAHM9Pbbrw3RqFAoMlZo-O9025w5f4WAHVJcf4g8ceylb0s_mwM/s320/Lincoln.jpg" width="320" /></a><b><br /></b></div>
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<b>Otávio Frias Filho</b></div>
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<br /></div>
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Abraham Lincoln se elegeu presidente dos Estados Unidos em 1860 no auge do impasse entre o Norte capitalista e o Sul escravocrata. A questão era definir se o trabalho escravo seria permitido nos imensos territórios do Meio-Oeste, que logo se tornariam novos Estados.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Apesar de abolicionista, Lincoln foi eleito graças a uma plataforma moderada. Pretendia manter a escravidão no Sul, onde ela sustentava a economia local (fumo, algodão e açúcar), e vedá-la nos novos Estados. Essa proibição localizada, no entanto, foi vista pelo Sul como quebra inaceitável da autonomia estadual. A vitória de Lincoln deflagrou a secessão.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Entre a eleição e a posse, sete (logo seriam 11) dos então 33 Estados se desligaram da União. Embora houvesse, nos escritos dos fundadores da República, referências ao caráter indissolúvel da União, a Constituição silenciava a este respeito.</div>
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<br /></div>
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A rigor, o Sul exercia direito comparável ao reclamado pelas 13 Colônias quando, na solene Declaração de 1776, anunciaram seu desligamento da Coroa inglesa para criar os Estados Unidos.</div>
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<br /></div>
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Lincoln tomou a mais controvertida e crucial das decisões, impedir a secessão pela força, o que precipitou a Guerra Civil (1861-65) e acarretaria a abolição no país inteiro.</div>
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<br /></div>
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A população do Norte era o dobro da do Sul e sua capacidade industrial várias vezes maior -a vitória parecia questão de (pouco) tempo.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Enquanto Lincoln era enredado por generais hesitantes, porém, o Sul mostrou uma disposição aguerrida capaz de manter seu exército na dianteira em toda a primeira metade de guerra, que se arrastou por cinco anos. Numa nação de 31 milhões (4 milhões de cativos), morreram 600 mil soldados, o dobro das perdas americanas na Segunda Guerra Mundial.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Em 1863, quando a maré da guerra começava a virar, Lincoln emitiu uma proclamação que libertava escravos nos Estados sublevados, outra decisão de legalidade duvidosa, adotada a pretexto de "necessidade militar", já que os cativos eram usados pela logística do exército sulista.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Em 1865, depois de reeleito por ampla maioria e às vésperas da rendição do Sul devastado, Lincoln aprovou na Câmara a 13ª Emenda à Constituição, que abolia a escravidão em definitivo.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Tomada em retrospectiva, a história tem um apelo épico inigualável -o "self-made man" predestinado a ser presidente e vencer uma guerra em que o bem e o mal surgem claramente definidos, a fim de extirpar a infâmia da escravatura e estender a mão, vitorioso, aos derrotados.</div>
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<br /></div>
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AURA MITOLÓGICA</div>
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<br /></div>
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Com o desfecho do assassinato, em que o próprio presidente era oferecido como arremate do imenso holocausto, a figura de Lincoln foi alçada à máxima santidade, envolta numa densa aura mitológica composta por sedimentos crescentes de histórias, biografias, currículos escolares, poemas, canções, peças teatrais, filmes etc.</div>
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<br /></div>
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O êxito moral da emancipação soterrou as complexidades do drama.</div>
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<br /></div>
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Havia propostas de emancipação gradual; teria sido evitável a guerra? Sem ela, parece plausível que mais cedo ou mais tarde o Sul se reintegrasse à União. Além da questão principal, o Sul alegava as tarifas protecionistas do Norte, que exauriam sua economia ao obrigá-lo a comprar caro, como causa da separação.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Sua derrota arrasadora fomentou o ressentimento racial que seria a sina do país.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E, sob certo ângulo, a vitória do Norte foi mais um capítulo, como escreveu o crítico Edmund Wilson ("Patriotic Gore", Sangueira Patriótica, 1962), na ascensão imperial, guerra após guerra, de um capitalismo sem freios garantido pela maior máquina militar da História.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas a personalidade de Lincoln -mais do que a determinação e a habilidade do estadista, seus gestos de simpatia magnânima, a singeleza filosófica de suas anedotas, a qualidade literária de seus discursos, o senso de humor nos piores momentos- dissolve todo questionamento e revitaliza o mito a cada geração.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
"KITSCH"</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Em "Lincoln" (2012), Steven Spielberg parece abordar esse imponente monumento simbólico com cautela. De tão trafegado, o mito também se desgastou -ou foi recoberto por uma pátina "kitsch" de cafonice americana que o cineasta procura afastar como pode. Essa preocupação é glosada nas cenas iniciais, quando Lincoln só aparece de costas, como Cristo nos filmes antigos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Dois dos criadores do cinema americano fizeram filmes sobre o personagem, com resultados desiguais. O de D.W. Griffith ("Abraham Lincoln", 1930) é uma galeria patriótica de cenas célebres; o resultado hoje parece tosco e previsível demais. Nada ilustra melhor o gigantesco salto narrativo e técnico do cinema americano do que compará-lo ao filme de John Ford ("A Mocidade de Lincoln", 1939).</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Este focaliza um episódio da juventude, em que o então advogado interiorano evita o linchamento de um cliente e prova em juízo sua inocência num assassinato. Henry Fonda instila flexibilidade e leveza em seu Lincoln ainda matuto, mas já clarividente. Presos ao mármore do mito, os dois filmes terminam com grandiloquentes tomadas do monumento ao presidente-mártir em Washington.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Exceto pela música algo lamentosa, sobrou pouco daquela pátina endurecida no filme de Spielberg, e nada das peripécias de tantos de seus filmes anteriores.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Aqui predomina um diálogo vivo e espesso; quase toda a cena acontece em sombrios ambientes domésticos com os personagens envoltos por cobertores e fumaça na umidade gélida de Washington, a câmera tirando um elegante efeito claro-escuro do contraste com a luz (emancipatória?) das vidraças.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O roteiro, do dramaturgo Tony Kushner, foi baseado em mais uma torrencial biografia política de Lincoln, "Team of Rivals" ("Time de Rivais", 2005, de Doris Kearns Goodwin). O filme se concentra na aprovação da 13ª Emenda, episódio decisivo, mas que ocupa poucas páginas no final do livro.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Fragmentos de seu imenso teor narrativo foram introduzidos com destreza ao longo da película, que gira em torno do dilema -aguçado para efeitos dramáticos- entre apressar o fim da guerra ou o da escravidão.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Não é um filme memorável nem espetacular, mas persuasivo em sua sóbria seriedade. Maquiado como um cadáver, Daniel Day-Lewis compõe um símile fantasmagórico, quase embalsamado, mas seu Lincoln exala ao mesmo tempo uma familiaridade, acentuada pela dissonância do timbre agudo da voz, que evoca e supera o ancestral encarnado por Henry Fonda.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Fonte:<a href="http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrada/89401-spielberg-tira-fantasma-de-lincoln-do-marmore.shtml"> </a></b><a href="http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrada/89401-spielberg-tira-fantasma-de-lincoln-do-marmore.shtml">Folha de S.Paulo</a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhwBrBz3PWyaoH3mczZMdWPuuQi7fPOSvslJdcXQ1Iv_w7XUPS1gAn0TICRjZmXg-up02f2KU252FACM35lY-52dh4SaNMNypCpbgl3l4S5svN8lS9lxtVRlQ3nNBmtrI_5fWSuhXNfZN8/s1600/oscar-nomination.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="206" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhwBrBz3PWyaoH3mczZMdWPuuQi7fPOSvslJdcXQ1Iv_w7XUPS1gAn0TICRjZmXg-up02f2KU252FACM35lY-52dh4SaNMNypCpbgl3l4S5svN8lS9lxtVRlQ3nNBmtrI_5fWSuhXNfZN8/s400/oscar-nomination.jpeg" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Texto & Contextohttp://www.blogger.com/profile/13031835655652946422noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4772924188482635470.post-88486899472943033422013-01-28T20:05:00.000-08:002013-01-28T20:44:16.354-08:00Longa-metragem baseado em contos de Edgar Allan Poe é produzido em São Carlos <br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiGlR93o3YKObCs3wPK6DVmvPYE6LLAoSgfhx57UqtmBgZ_GTE1P51Adrxb2Ds-ZEIHXwEL_hyphenhyphennuUNzora5B8nvKjmx5glava5lYnY2hOO0sJ9L2fdyDq0mQZDIU3wvuIL1YpBbPA4Twcs/s1600/703620_453865388010904_1092205249_o.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="223" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiGlR93o3YKObCs3wPK6DVmvPYE6LLAoSgfhx57UqtmBgZ_GTE1P51Adrxb2Ds-ZEIHXwEL_hyphenhyphennuUNzora5B8nvKjmx5glava5lYnY2hOO0sJ9L2fdyDq0mQZDIU3wvuIL1YpBbPA4Twcs/s400/703620_453865388010904_1092205249_o.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Oinos (Lucas Melges), Sara (Luiza Martins) e o demônio (Antonio Alves) em<br />
uma das cenas de <b>"Silêncio e Sombra" (Foto: </b>Larissa Colucci)</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Sidnei Moura</b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Baseado em obra do intrigante
escritor americano e gênio do suspense Edgar Allan Poe, <b>“Silêncio e Sombra”</b> é
um longa-metragem que está sendo produzido em São Carlos - SP sob direção de Roberto Maddallena, que também
assina o roteiro. Como Maddallena define, “Silêncio e Sombra” não será um filme
de terror (característica que geralmente
predomina nos filmes baseados em obras de Poe e que povoa o imaginário coletivo)
mas “uma ficção-científica intimista tendo a morte e os sentimentos humanos
relacionados a ela como temas”. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O roteiro tem como pano de fundo
uma pandemia viral apelidada de “Gripe Venezuelana”, que espalha o caos no
mundo de 2017. Neste cenário, os personagens Sara (Luiza Martins) e Oinos
(Lucas Melges) conduzem a trama entremeada de rompimentos, falsos pregadores, sombras
e almas, demônios que aparecem em sonhos, parentes e amigos que encontram a
morte, enquanto se refugiam nas lembranças e numa casa de campo. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ainda segundo Maddallena, o filme
se caracterizará como “Cult”, “quase de arte” e irá na contramão do atual cinema brasileiro,
que ele define como “especializado em
comédias do estilo televisão e violência social”. Trata-se da estreia de
Maddallena na direção de um longa-metragem como também dos atores que compõem o
elenco e equipe técnica, e sua produção é absolutamente independente. Para
tanto, Maddallena tem como inspiração produções independentes que foram bem-sucedidas tanto de público como de crítica
e conquistaram prêmios importantes, tais como “El Mariachi” (que custou apenas 7 mil
dólares), o uruguaio “A Casa” (6 mil dólares) ,o brasileiro “Apenas o Fim” (8
mil reais), e o filme que marcou a estréia de Nolan no cinema, “Following” (6
mil dólares).</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
As gravações estão sendo realizadas
em diferentes locações da cidade, entre elas uma igreja, um galpão centenário
da cidade e em um cemitério, onde algumas das cenas de maior impacto e suspense
já foram gravadas. A finalização e montagem esta prevista para
abril/maio de 2013, quando então o longa participará de festivais nacionais e
internacionais, e em seguida será lançado comercialmente em todo o Brasil,
ocasião em que entrará no circuito nacional de cinemas para ser exibido ao
público.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Silêncio e Sombra tem a direção e
roteiro de Roberto Maddallena e direção de fotografia de Larissa Colucci.</b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<a href="http://www.filefactory.com/file/46w6tyjzwksb/n/SOMBRA_pdf">Contos de Edgar Allan Poe que servem como ponto de partida para o roteiro</a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<a href="http://www.facebook.com/groups/silencioesombra/">Grupo Silêncio e Sombra no Facebook – ultimas informações da produção</a></div>
Texto & Contextohttp://www.blogger.com/profile/13031835655652946422noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4772924188482635470.post-76326519662017837132013-01-27T18:30:00.000-08:002013-01-27T18:30:11.228-08:00"O Homem Visível", best-seller do "NYT", perturba ao discutir influência da mídia<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZu3l0vAKDjgK7vhr0n4CXTtttH3Y1HKwiy90384uj6s8DPl7g_uwa3S38VuIf8kXz1KtSb_5gvMzt1mZM9Sg1pTDvq0ZAHiEFpaw79vkHA4P0jluO2xoCc9F2oDvr7vWN3JfqO_OWDf4/s1600/O-Homem-Vis%C3%ADvel.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><br /><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZu3l0vAKDjgK7vhr0n4CXTtttH3Y1HKwiy90384uj6s8DPl7g_uwa3S38VuIf8kXz1KtSb_5gvMzt1mZM9Sg1pTDvq0ZAHiEFpaw79vkHA4P0jluO2xoCc9F2oDvr7vWN3JfqO_OWDf4/s320/O-Homem-Vis%C3%ADvel.jpg" width="209" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Jéssica Oliveira</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O que você faria se soubesse que, quando pensa estar sozinho em casa, há alguém o observando? Alguém que o escolhe ao acaso, entra no seu carro ou o segue até seu "refúgio" e vê exatamente tudo o que você faz pelo tempo que bem entender? Não contente, após o conhecer bem, passa a interferir em suas "livres" escolhas. Em outras palavras, o manipula. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O livro <b>"O Homem Visível"</b>, de Chuck Klosterman, questiona, entre outras coisas, se é possível ficar invisível aos olhos de uma sociedade que busca, neste mundo midiático e cheio de informação, saber o que se passa na vida alheia. Com o ser humano tão exposto, seus pontos fortes e fracos saltam aos olhos, tornando qualquer um alvo fácil e potencial fantoche.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Best-seller do New York Times, a obra chega ao Brasil pela editora Bertrand Brasil e conta a história de um homem que cresceu com a obsessão de observar o que as pessoas fazem quando estão absolutamente sozinhas, fora do trabalho, da faculdade, da rua, do bar... Para ele, "esses você" não interessam, pois não são reais.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
"Todas as minhas lembranças mais antigas incluem ficar observando as pessoas e imaginando quem elas eram de verdade. [...] Quem eram essas pessoas? [...] Sabia que estava vendo um mundo que não estava lá", disse Y_____ à terapeuta Victoria Vick, como ela decidiu chamar seu estranho paciente, em uma das primeiras sessões, ainda por telefone. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Através de notas, e-mails, cartas e transcrições de áudio da terapeuta, e seu histórico com o Y_____ o leitor é puxado para a vida deste homem e das pessoas que ele observou. Rico em detalhes humanos, o livro perturba ao fazer o leitor se reconhecer em inúmeras situações de suas atividades mais cotidianas e íntimas.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Ajuda para quem?</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
Y_____ procura Victoria alegando ser um cientista que utiliza um "traje e creme" especiai, que ele mesmo criou após dar prosseguimento, sozinho e em casa, a um projeto ultrassecreto do governo americano que havia sido abandonado. Quando os usa, afirma que ninguém pode vê-lo, mas se recusa a falar em "invisível", porque para ele "as pessoas veem o que acreditam estar visível", e "olham para o mundo sem enxergar nada que esteja fora de suas expectativas inconscientes". Segundo Y____, não foi apenas para revelar seu segredo que a consultou, mas para aprender a lidar com o sentimento de culpa que resultou das consequências do uso dessa habilidade. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
No entanto, durante as sessões, a relação terapeuta-paciente é drasticamente alterada com Victoria cada vez mais obcecada por aquele cientista e seus relatos detalhados, bizarros e perturbadores. Apesar de tudo que ela achava saber sobre ele e seus "alvos" de observação, era como não saber nada. Ela baixa a guarda e, por vezes, Y____ assume o controle da situação. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
São nesses momentos que o autor usa o "conhecimento" de Y_____ sobre as pessoas, adquirido em seus anos de observação do ser humano autêntico e sem qualquer máscara, para criticar algumas características da sociedade moderna. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Além da dificuldade de ver o que está bem na nossa frente, ele cita o papel central que o computador assumiu em nossas vidas, o poder do Facebook, o endeusamento da ciência e suas ilusões, a "moralidade falsa e forjada" em nome da boa convivência e a "simpatia" pelos "fracassados coitadinhos". E não para por aí.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ele ainda usa sua própria condição de ficar íntimo de pessoas que não o notam para descrever um futuro não tão distante. "Em 25 anos todo mundo vai falar assim. As crianças já vivem dentro de computadores. Por fazerem amigos pela internet, não entendem como funciona a comunicação não verbal, a linguagem corporal ou o sarcasmo casual", afirma. "Em cem anos, ninguém mais será capaz de falar em público. Conversar vai ser uma atividade ultrapassada", continua.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Realidade invertida</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Outra crítica forte do livro é sobre a percepção errada em relação à TV e à passividade da sociedade ante questões importantes. "A televisão é uma forma de entretenimento de uma só via, mas não é assim que as pessoas querem pensar nela. Querem acreditar que estão envolvidas de alguma forma. É por isso que conversam com a TV, [...] ficam contrariados quando um personagens não se comportam de forma agradável, [...] adoram programas que envolvem votações", diz. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Segundo ele, a sociedade acredita que suas experiências pessoais com a TV produzem um efeito no que ela é, mas que "em suas vidas reais", se sentem impotentes. "Acham que votar não tem valor. Pensam que se importar com algo é um risco. Presumem que não exercem controle sobre nada e por isso nem tentam. Percebem a realidade ao contrário", lamenta.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Entrelinhas</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
Y_____ diz que a realidade a que teve acesso não era uma "realidade de cinema", mas apenas a realidade, sem aspas. "Aprendi que as pessoas não consideram o tempo que passam sozinhas como parte de suas vidas. [...] mas precisam que suas ações sejam examinadas e interpretadas, para acreditar que o que fazem tem importância", aponta.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Logo nas primeiras sessões ele confidencia que "destruía a vida das pessoas sem seu consentimento", mas ao final do livro, entre tantas outras, fica a pulga atrás da orelha: com ou sem?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgzFMybuSnJ7ABV5fQrNpiNW3p98O0b1sGjERsTvFiUWg8h1FOfQzRjxdaJSH_yMtvjCYRnYsuEfgNzN-CPNrwOVBWYa-xkNyWQPV85B4pDMjVy0IS43vWvErJ-nvaQ4Y_CAHmyhZ7CWIE/s1600/images+(1).jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="133" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgzFMybuSnJ7ABV5fQrNpiNW3p98O0b1sGjERsTvFiUWg8h1FOfQzRjxdaJSH_yMtvjCYRnYsuEfgNzN-CPNrwOVBWYa-xkNyWQPV85B4pDMjVy0IS43vWvErJ-nvaQ4Y_CAHmyhZ7CWIE/s200/images+(1).jpg" width="200" /></a><b><i>O autor</i></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>Chuck Klosterman </i>nasceu em 1972 e é autor de diversos livros de ficção e não ficção. Seus livros sempre fogem da linguagem jornalística e se enviesam para o não comercial, mais sofisticado. Ele escreve para veículos como GQ, Esquire, New York Times Magazine, Spin, The Believer, The Guardian, ESPN, Grantland.com. "O Homem Visível" é sua estreia no Brasil.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Fonte: </b><a href="http://portalimprensa.uol.com.br/noticias/livros/56346/o+homem+visivel+best+seller+do+nyt+perturba+ao+discutir+influencia+da+midia">Portal Imprensa</a></div>
<br />Texto & Contextohttp://www.blogger.com/profile/13031835655652946422noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4772924188482635470.post-668332810201236222013-01-19T19:04:00.004-08:002013-01-19T19:04:59.526-08:00Harold Bloom: "Não me defino como crítico literário, sou um professor de escola"<br /><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhMqn1-CjHayOngZg7cW0xm-t_JqnqsIFfJqfwFWLSrj3s8UBa_lDMqR6a9z9FMG557BKhkeGD6iXJ5CJuhai8b8OinZdiHBFTrC4IWn8p9Au8nZKqjz69JC3NWJzh1hSVTSZe123JpgbQ/s1600/BLOOM1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhMqn1-CjHayOngZg7cW0xm-t_JqnqsIFfJqfwFWLSrj3s8UBa_lDMqR6a9z9FMG557BKhkeGD6iXJ5CJuhai8b8OinZdiHBFTrC4IWn8p9Au8nZKqjz69JC3NWJzh1hSVTSZe123JpgbQ/s320/BLOOM1.jpg" width="247" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Harold Bloom</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<b>Lúcia Guimarães </b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
Os visitantes da casa na rua bucólica de New Haven, em Connecticut, recebem instruções precisas para não tocar a campainha. Devem abrir a porta destrancada e ir direto à segunda sala. Lá, o anfitrião vai começar por satisfazer a própria curiosidade sobre detalhes mundanos da vida da repórter.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Harold Bloom é caso único na história da crítica literária do último meio século. Um autor prolífico, erudito, popular, que seduz e enfurece. Aos 82 anos, maltratado por doenças que lhe restringem a mobilidade, seu vigor criativo é formidável. Não para de escrever, dar aulas, analisar a prosa e a poesia dos alunos e, apesar da dor na perna e da má circulação que o obriga a levantar da cadeira em intervalos curtos, demonstra um prazer evidente em conversar.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
"Eu não me defino como crítico literário", diz Bloom, que nunca será acusado de modéstia. "Eu digo que sou um professor de escola" (ele dá aula na Yale University). A afirmação o leva a uma das muitas reminiscências que haveria de compartilhar naquela tarde, alternando nostalgia e alguma intriga, com ar maroto, sempre envolvendo alguém como "Philip" (Roth) e "Cormac" (McCarthy), citados assim, pelo primeiro nome, ou por apelidos, se é que restou à interlocutora alguma dúvida de que ele esteve no centro da história literária recente americana. "Havia um homem muito mau", diz, "chamado William Styron". Bloom recorda que estava jantando na casa do grande poeta Robert Penn Warren (para ele "Red", o apelido do escritor ruivo); todos "já tinham bebido um pouco demais" quando Bloom comentou com Warren - "com toda razão", deixa claro - que ele devia continuar escrevendo poesia, já que seus romances recentes não tinham a mesma qualidade. "A sua opinião não importa", cortou Styron, autor de A Escolha de Sofia e das memórias da depressão, Perto das Trevas. "Você é apenas um professor de escola." Bloom diz que o comentário foi o mais memorável que ouviu de um "mau escritor". "Como me acusar de ter a melhor e mais nobre profissão do mundo?" O professor conclui a anedota lembrando que Styron já faleceu e oferecendo "um aforismo bloomiano pelo qual quero ser lembrado: Se nós não falarmos mal dos mortos, quem vai falar?"</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Fui bater à porta de Harold Bloom para conversar sobre A Anatomia da Influência - Literatura Como Um Modo de Vida, que sai no Brasil pela Objetiva, no segundo semestre (leia crítica abaixo). Ele considera o livro uma síntese de sua trajetória crítica. O título se refere à obra que talvez será considerada a mais inovadora de sua carreira, A Angústia da Influência - Uma Teoria da Poesia, lançada em 1973, marco da crítica literária, em que Bloom trata da luta do poeta para criar sob a influência de seus precursores.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Entre a angústia e a anatomia, Bloom diz que se tornou mais suave. Mesmo com mais de 50 edições em dezenas de línguas, o autor considera A Angústia da Influência terrivelmente difícil e não tem certeza se entende a obra. Mas há outras mudanças. Em A Anatomia da Influência, Bloom se diz inspirado pelo poeta francês Paul Valéry que escreveu "sobre a influência da mente sobre si mesma". Seu novo livro, ele diz, é sobre a influência do autor sobre si mesmo. A outra diferença: "Antes, eu defendia a literatura da contracultura. Agora a defendo da politização e da ruptura da tecnologia, que impôs" - e ele aponta para meu tablet - "a linguagem visual."</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A suavidade adquirida ao longo do tempo se expressa no que Bloom manifesta ser o "amor literário", definido por ele como um estado de intensa ambivalência, "da culpa da herança, e da tristeza de ter chegado tarde demais".</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A originalidade da obra do crítico não exclui a repetição e em Anatomia da Influência ele revisita seu elenco de suspeitos, especialmente William Shakespeare. Depois de lançar Shakespeare, A Invenção do Humano, um de seus maiores best-sellers, Bloom conta que se sentiu irritado por perguntas sobre a tal invenção. "É claro que não estava dizendo que foi como Thomas Edison inventando a lâmpada", diz. "O caráter sempre existiu, mas não sei se é o caso com a personalidade. Shakespeare é único porque ele mudou a maneira como nos vemos. Em Shakespeare, caráter é personalidade, é destino." E lembra outro episódio. Estava falando em público quando lhe perguntaram sobre alguma boa adaptação de Shakespeare para o cinema. Respondeu que o diretor que mais entendeu a obra do inglês foi o japonês Akira Kurosawa. "Ele não falava inglês, mas o poder de Shakespeare vai muito além do da linguagem." A invenção, ele observa, é a essência da poesia. "Sem a poesia, nada teria vindo a este mundo. Shakespeare nos mostrou o que estava à nossa volta e não conseguíamos enxergar."</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Bloom não se ilude sobre o seu lugar na cultura contemporânea americana em que jovens, ele escreve, "despencam no precipício do oceano cinza da internet". Não há mais um Walt Whitman, o autor como consciência de um país, ele lamenta, porque não existe mais um público nacional. "Nosso maior romancista em atividade, Thomas Pynchon, é um autor difícil. Nosso maior poeta, meu amigo John Ashbery, é um poeta difícil. Nosso possível maior dramaturgo, Tony Kushner, chegou perto de falar a todo país, com Anjos na América, mas não escreveu nada com a mesma força, nos últimos 20 anos."</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Harold Bloom demonstra uma franqueza bem-vinda sobre os escritores mais jovens. Em vez de alardear o fim do romance, declara que não tem competência para ler romancistas 50 anos mais moços do que ele. Logo em seguida, afirma que seu melhor aluno, Lucas Zwirner, ainda inédito, é um evidente romancista em formação. "Eu li gente como Jonathan Franzen, David Foster Wallace e variados Safran Foers, mas a sensibilidade mudou tanto que não devem confiar na minha reação."</div>
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<br /></div>
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Bloom aponta para o teto e diz que o sótão de sua casa abriga um manuscrito não publicado, Freud, Transferência e Autoridade, que encosta em 900 páginas e vai ser um problema póstumo de seus executores literários. "A minha ambivalência sobre Freud se tornou excessiva", confessa. Hoje, ele vê o criador da psicanálise não como cientista, mas como o grande ensaísta moral, o Montaigne do século 20. "Uma definição que ele detestaria."</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
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Por falar em livros longos, Bloom diz que está quase acabando de escrever outro, "especialmente importante para mim". O título, que cita um poema de Ralph Waldo Emerson, será: Os Espíritos Sabem Como Se Faz, Tradição Oculta na Literatura Americana, um exame da obra de dez autores.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Enquanto trocamos histórias pessoais, o professor dá outro sinal do caminho percorrido na carreira literária de seis décadas, ao anunciar que espera um telefonema do New York Times. "Chegou a hora", diz, "embora eu não tenha a menor intenção de morrer, de atualizar o meu obituário, que eles escreveram há vários anos. E o pior, não vou poder nem ler quando ficar pronto." Ele disca o número da repórter e diz: "Estava me sentindo tão vivo, que tarefa melancólica". Mas logo brinca: "... considerando a alternativa..." A repórter o consola, dizendo que vai telefonar de volta em cinco anos, já que ele não para de produzir. "Em 5, 10 ou 15 anos", protesta o professor e conta que três ciganas, em três países, leram a palma da sua mão. Previram que ele vai viver 89 anos, 3 meses e 11 dias e admite, sorrindo, esperar um certo nervosismo na manhã do décimo primeiro dia. "No fim das contas", ele diz, contemplativo, "o que eu faço é salvar as aparências, no sentido mais decente da palavra. É tentar preservar a continuidade da literatura e do pensamento do Ocidente."</div>
<br />
<b>Fonte: </b><a href="http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,entre-os-livros-como-um-modo-de-vida,986244,0.htm">Entre os livros como um modo de vida - Estadão</a><br />
<br />
Texto & Contextohttp://www.blogger.com/profile/13031835655652946422noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4772924188482635470.post-22505336155038560242013-01-15T14:07:00.002-08:002013-01-15T14:15:05.796-08:00Ler poesia é mais útil para o cérebro que livros de autoajuda, dizem cientistas<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhDHXDmuw6TM4TxscMRoCV5eyON6j4CZDhN_wlNxxsnTq14KyO6Oj7Jxng5V6_Ct9woiXrBA1DexTFeg3NOl-mlqJhz4t5OLIcZ7SfOEZn7RPQkSEglpKcyHzm72P7SPJxdLYostF_T1NQ/s1600/ts.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhDHXDmuw6TM4TxscMRoCV5eyON6j4CZDhN_wlNxxsnTq14KyO6Oj7Jxng5V6_Ct9woiXrBA1DexTFeg3NOl-mlqJhz4t5OLIcZ7SfOEZn7RPQkSEglpKcyHzm72P7SPJxdLYostF_T1NQ/s320/ts.jpg" width="214" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O escritor T. S. Eliot</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<div style="text-align: justify;">
Ler autores clássicos, como Shakespeare, William Wordsworth e T.S. Eliot, estimula a mente e a poesia pode ser mais eficaz em tratamentos do que os livros de autoajuda, segundo um estudo da Universidade de Liverpool publicado nesta terça-feira (15).</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Especialistas em ciência, psicologia e literatura inglesa da universidade monitoraram a atividade cerebral de 30 voluntários que leram primeiro trechos de textos clássicos e depois essas mesmas passagens traduzidas para a "linguagem coloquial".</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Os resultados da pesquisa, antecipados pelo jornal britânico "Daily Telegraph", mostram que a atividade do cérebro "dispara" quando o leitor encontra palavras incomuns ou frases com uma estrutura semântica complexa, mas não reage quando esse mesmo conteúdo se expressa com fórmulas de uso cotidiano.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Esses estímulos se mantêm durante um tempo, potencializando a atenção do indivíduo, segundo o estudo, que utilizou textos de autores ingleses como Henry Vaughan, John Donne, Elizabeth Barrett Browning e Philip Larkin.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Os especialistas descobriram que a poesia "é mais útil que os livros de autoajuda", já que afeta o lado direito do cérebro, onde são armazenadas as lembranças autobiográficas, e ajuda a refletir sobre eles e entendê-los desde outra perspectiva.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
"A poesia não é só uma questão de estilo. A descrição profunda de experiências acrescenta elementos emocionais e biográficos ao conhecimento cognitivo que já possuímos de nossas lembranças", explica o professor David, encarregado de apresentar o estudo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Após o descobrimento, os especialistas buscam agora compreender como afetaram a atividade cerebral as contínuas revisões de alguns clássicos da literatura para adaptá-los à linguagem atual, caso das obras de Charles Dickens.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Fonte: </b><a href="http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/1215067-ler-poesia-e-mais-util-para-o-cerebro-que-livros-de-autoajuda-dizem-cientistas.shtml">Folha de S.Paulo</a></div>
Texto & Contextohttp://www.blogger.com/profile/13031835655652946422noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4772924188482635470.post-21771161343789550862013-01-10T19:32:00.001-08:002013-01-20T10:43:48.517-08:00Oscar 2013 já tem um vencedor: Michael Haneke<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
<b><i>Filme "Amor" recebe cinco indicações, após dar ao diretor austríaco sua segunda Palma de Ouro em Cannes</i></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgqnTSko4YXm3O2hTlB3swoDgmUbmED6hA4lM9SLb-0FWUJFVfDQ-OgbwD88vwqiDZ3BBJVxq711TAOar28CTmNHDeanCn3CYn_RyV6Pfol9c6USs4X7SGebMT_zIEA2eWobRY0G-Kk45k/s1600/151642419.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgqnTSko4YXm3O2hTlB3swoDgmUbmED6hA4lM9SLb-0FWUJFVfDQ-OgbwD88vwqiDZ3BBJVxq711TAOar28CTmNHDeanCn3CYn_RyV6Pfol9c6USs4X7SGebMT_zIEA2eWobRY0G-Kk45k/s320/151642419.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O cineasta austríaco Michael Haneke</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<b>Rogério Simões</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
Muito já se fala sobre as 12 indicações ao Oscar obtidas por Lincoln, de Steven Spielberg. Todas esperadas. Se há alguma surpresa e motivo de celebração no anúncio feito pela Academia nesta quinta-feira, é o reconhecimento por Hollywood de um dos maiores diretores vivos. Menos de um ano depois de receber a Palma de Ouro em Cannes, o austríaco Michael Haneke levou seu mais recente filme, Amor, ao centro da disputa pelo Oscar. Amor, uma co-produção austríaca, alemã e francesa falada em francês, recebeu nada menos que cinco indicações, incluindo melhor filme, melhor filme estrangeiro e melhor atriz (Emmanuelle Riva). Haneke foi pessoalmente indicado aos prêmios de melhor diretor – que não conta com os antes favoritos Ben Affleck e Kathryn Bigelow – e de melhor roteiro original. Acima das expectativas, mas não da qualidade desse grande cineasta.</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
Michael Haneke é uma força que tomou de assalto o cinema mundial na virada do século. Aos 70 anos, ele é responsável por uma produção pequena para sua idade, mas extensa em riqueza e impacto. Nenhum de seus 11 filmes se encaixa em categorias tradicionais ou pode receber adjetivos previsíveis sem que tais descrições sejam questionadas – especialmente pelo próprio autor. Haneke já tratou das difíceis relações entre franceses e argelinos, da falta de sentido na vida de uma típica família de classe média-alta, da polêmica história alemã no início do século XX, de uma pianista sadomasoquista e do fim do mundo. Em comum, está o efeito perturbador de seus filmes. Difícil sair de uma obra de Haneke com as pernas firmes, o pensamento claro e o peito leve. O objetivo do austríaco é incomodar e transformar o espectador. Isso sem entregar respostas às naturais perguntas que nascem de suas tramas. Quem matou? Por quê? Qual a relação entre aqueles dois personagens? Haneke evita soluções fáceis. Quer que o público tire suas próprias conclusões, a partir de suas mentes em estado de ebulição, indignação e dúvidas. O cinema de Michael Haneke é como a vida: muito rico e emocionante, mas não é fácil.</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
Em Amor, o incômodo proposto por Haneke é universal. Ao tratar de forma dura e explícita as dificuldades do envelhecimento humano, Haneke propõe atingir o público a partir da perspectiva de sofrimento futuro – de um parente ou da própria pessoa. Extremas, as situações apresentadas por Haneke em seus filmes tocam o espectador por sugerir uma possibilidade de dor ou medo. A perversa automutilação da personagem de Isabelle Huppert, em A Professora de Piano (2001), a ausência de civilidade diante do apocalípse em O Tempo do Lobo (2003) e as humilhações exibidas em A Fita Branca (2009) nos assustam e intimidam. A tortura sádica, injustificável e sem sentido de Violência Gratuita (1997 e 2008) nos lembra da capacidade destruidora do ser humano e de como ela pode, facilmente, se aproximar de nós. A decisão de Haneke de refilmar Violência Gratuita nos Estados Unidos, 11 anos depois da sua produção original na Alemanha, causou repulsa em muitos que já haviam se sentido perturbados pela primeira versão. Levar a história ao público americano, em inglês, com Naomi Watts e Tim Roth nos papeis principais, foi uma forma de Haneke dizer a todos: o horror inexplicável pode estar mais próximo do que imaginamos. “Há tanto mal quanto bem em todos nós”, disse ele ao jornal The Guardian, em 2009.</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
Michael Haneke começou tarde no cinema. Depois de estudar filosofia e psicologia e trabalhar como diretor de programas de TV, lançou seu primeiro filme, O Sétimo Continente (1989), aos 47 anos. De lá para cá, já venceu a Palma de Ouro de Cannes duas vezes (com A Fita Branca e Amor) e colecionou inúmeros outros prêmios ao redor do planeta. A Fita Branca, também vencedor do Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro, só não levou o Oscar em 2010 porque encontrou pela frente o excepcional argentino O Segredo dos Seus Olhos. Agora o Oscar rende-se a Haneke e o coloca em seu devido lugar: no topo do cinema mundial. Esse gênio austríaco caminha para ser reconhecido como a maior força criativa do cinema no século XXI.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Fonte: </b><a href="http://revistaepoca.globo.com/cultura/noticia/2013/01/oscar-2013-ja-tem-um-vencedor-michael-haneke.html">Revista Época</a><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi73zXzITfZUtbx483Q9P7ejtOifnHoa3LOt3gQTQr7Wcnj1empdpmi2i6nrCv0gDINgqpZwo7GUgT1k2uss2AQWsno2znQsW7R9ALCyk1tPePaC-gwIFc4o2Pwo1kX4nwX2wCd78fjyto/s1600/oscar-nomination.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="206" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi73zXzITfZUtbx483Q9P7ejtOifnHoa3LOt3gQTQr7Wcnj1empdpmi2i6nrCv0gDINgqpZwo7GUgT1k2uss2AQWsno2znQsW7R9ALCyk1tPePaC-gwIFc4o2Pwo1kX4nwX2wCd78fjyto/s400/oscar-nomination.jpeg" width="400" /></a></div>
<br /></div>
Texto & Contextohttp://www.blogger.com/profile/13031835655652946422noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4772924188482635470.post-16128154672944816202012-12-25T19:26:00.001-08:002012-12-26T10:35:19.291-08:00Duas poesias para embalar o ano novoDelicie-se com duas poesias inspirativas da professora e poetisa <a href="http://www.facebook.com/alice.lima.16940">Alice Lima</a> .<br />
<br />
Um feliz ano novo para você!<br />
<br />
<br />
<b>Casa de fazenda</b><br />
<br />
Casa de fazenda,<br />
Que contas tantas histórias,<br />
De um passado tão distante,<br />
Das lágrimas contidas, das amarguras<br />
Das sinhazinhas,<br />
Amores arranjados, dinheiro, ambição e solidão.<br />
Casa de fazenda<br />
Do aroma de café fresquinho<br />
Dos tachos de doces borbulhantes,<br />
servidos<br />
As ceias do luar de outono<br />
Onde mulheres solitárias se sentam a mesa<br />
A esperar o seu dono.<br />
Casa de fazenda,<br />
Onde teus senhores se escondem,<br />
Planejam, escrevem sem piedade, ideias torturantes<br />
Atrás de uma escrivaninha.<br />
Casa de fazenda,<br />
Nos teus arredores, circundavam senzalas,<br />
Cânticos, lágrimas, chibatadas, euforia,<br />
Mas onde estava a alegria?<br />
Casa de fazenda,<br />
As tuas paredes contam tantas histórias,<br />
que é impossível não ficar na memória.<br />
<br />
<br />
<b>O voo de um pássaro</b><br />
<b><br /></b>
Como um pássaro.<br />
Lúgubre e reluzente,<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj2ktlN8v3VxLi-zkh0YFbcB2F0Kgp7FIvHMGT-73NuscqjibB-CSRWgkDIUqeZNwmaSiKF5wW8n232Uc3bVmmxEIIuhmq8GsL8OsDfgp39Zau1ZWMjGwf6-Cg-aeelzseYSEUiX8po8hE/s1600/Voando-21.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="206" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj2ktlN8v3VxLi-zkh0YFbcB2F0Kgp7FIvHMGT-73NuscqjibB-CSRWgkDIUqeZNwmaSiKF5wW8n232Uc3bVmmxEIIuhmq8GsL8OsDfgp39Zau1ZWMjGwf6-Cg-aeelzseYSEUiX8po8hE/s320/Voando-21.jpg" width="320" /></a>Batendo asas na imensidão do céu azul<br />
Tu voaste tão longe...<br />
Tão longe de mim.<br />
O nosso ninho por muito tempo permaneceu intacto,<br />
Eu esperei, sonhei com teu regresso,<br />
Mas não retornastes...<br />
AH! Bem queria eu,<br />
Que estivestes próximo,<br />
Próximo de mim.<br />
Poderíamos juntos novamente olhar para o céu,<br />
Entrelaçar nossas mãos e apontar o dedo para contar as estrelas.<br />
Aninhar-me no teu abraço,<br />
Abraço amigo, paternal, amado...<br />
Mas muitos pássaros voam sem direção<br />
E não retornam ao seu ninho,<br />
Nosso ninho de amor se desfez<br />
Como pela última vez.<br />
Sou um rouxinol, um pássaro cantante<br />
Apaixonada e delirante.<br />
E eu também estou a voar<br />
Buscando um novo ninho encontrar.<br />
Sou alimentada pelas migalhas,<br />
As águas do orvalho eu mesma procuro sorver, aprendi a sobreviver<br />
Voo recordando da tua decisão,<br />
Não encontro resolução,<br />
Mas busco uma direção e<br />
Sei que em Deus está a solução.<br />
Questiono...<br />
Quem me separou de ti<br />
Estou ainda a perguntar,<br />
Não quero arguir...<br />
Tento compreender<br />
E vejo-me a surpreender<br />
Me pego a pensar<br />
E volto a questionar<br />
Deus? Igreja? Família?<br />
Raça? Religião?<br />
Por mais que busco respostas, mais nítida e complexa se torna a resposta<br />
Foi a tua opção, a tua vocação.<br />
E mais dorido para mim em aceitar, fingir e poder repetir constantemente:<br />
“Cumpres tua missão, meu amado irmão!”<br />
<div>
<br /></div>
<br />
<br />Texto & Contextohttp://www.blogger.com/profile/13031835655652946422noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4772924188482635470.post-11902287872624701332012-12-01T12:54:00.000-08:002012-12-01T12:54:21.302-08:00Zé Carioca, o papagaio brasileiro de Walt Disney, completa 70 anos<br />
<div style="text-align: justify;">
Você não lhe daria mais do que uns 25 anos. Ele é simpático, falante, caloroso e atento a rabos de saia. Já o chamaram até de como se diz mesmo?- uma lenda viva. E, como toda lenda, sem idade. Mas, para quem é bom de aritmética, Zé Carioca, o irresistível papagaio brasileiro criado por Walt Disney, está fazendo 70 anos. Pelo menos na folhinha.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEimRUQjaYTtPm-JifZjyC51muEIzOGBRJZV2TyMNin4vnQ3Yce2LKHSjr8tc1Lkdenuit0O7dgLi-BShLLZ0XXg7iKa2XSm4v2FhlqVlPeC7GQ2T1_FY4HxTeSeydxVPoBO-v7Hm5XUevI/s1600/ze_carioca_charuto.gif" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEimRUQjaYTtPm-JifZjyC51muEIzOGBRJZV2TyMNin4vnQ3Yce2LKHSjr8tc1Lkdenuit0O7dgLi-BShLLZ0XXg7iKa2XSm4v2FhlqVlPeC7GQ2T1_FY4HxTeSeydxVPoBO-v7Hm5XUevI/s320/ze_carioca_charuto.gif" width="287" /></a>Sim, ele é da turma de 1942, que produziu também Caetano Veloso, Paul McCartney, Paulinho da Viola, Muhammad Ali, Calvin Klein, Clara Nunes, Nara Leão, Lou Reed, Gilberto Gil, Milton Nascimento, Martin Scorsese, Tim Maia, o escritor Lobo Antunes e outros cuja vida e obra são de dar inveja. Para Zé Carioca, não será por falta de coadjuvantes ilustres que ele deixará de brilhar no ano de seu nascimento.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Livre, folgado e feliz, o setentão das histórias em quadrinhos nasceu no Rio, em 1942, e foi transferido para a Disney. Para os que nunca se aprofundaram em sua biografia, aí vão os dados básicos. Zé Carioca foi gerado em 1941, no Rio, num salão do Copacabana Palace temporariamente convertido em estúdio de desenho para Disney e seu pessoal, que colhiam dados para um filme que se passaria aqui e se chamaria "Alô, Amigos". Disney queria criar um personagem brasileiro para fazê-lo contracenar com seu já famoso pato Donald. E logo encontrou o que procurava: um papagaio.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Estava habituado à ideia arrogante e agressiva que alguns povos, entre os quais o dele, faziam de si mesmos, identificando-se com aves como águias, condores e falcões. Já o brasileiro, estranhamente, parecia sentir-se mais próximo do papagaio: duro, pobre, folgado, preguiçoso e desempregado -mas safo, quase safado, livre, feliz e capaz de aprender tudo rapidinho, inclusive a enrolar os gringos. As dezenas de piadas de papagaio que contaram a Walt no Copa convenceram-no de que o louro devia ser um herói nacional.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Com a contribuição (nunca creditada) de desenhistas brasileiros, como Luiz Sá e J. Carlos, as feições do sambista Herivelto Martins e o fraque, chapéu de palhinha, charuto, gravata-borboleta e guarda-chuva inspirados no Dr. Jacarandá, um folclórico personagem das ruas do Rio, Zé Carioca veio à luz um ano depois, no estúdio Disney, em Burbank, Califórnia. Americano no papel, mas de indiscutível DNA brasileiro - e carioca.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Tão carioca que seu gingado e gesticulação copiavam os do violonista José do Patrocínio de Oliveira, Zezinho, que trabalhava com Carmen Miranda nos EUA e era... paulista de Jundiaí. Zezinho até emprestou sua voz e seu sotaque a Zé Carioca "Alô, Amigos" (1942) e o fabuloso filme seguinte, "Você Já Foi à Bahia?" (1944), foram dublados. E assim, dessa simbiose, Zé Carioca nasceu universal, como talvez nem Walt tivesse sonhado para estrelar gibis, como logo aconteceu nos EUA e, depois, no Brasil, até hoje.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Universal e atemporal. Grandes personagens são assim.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Fonte: </b><a href="http://www1.folha.uol.com.br/serafina/1189732-nascido-no-copacabana-palace-ze-carioca-completa-70-anos.shtml">Folha</a></div>
Texto & Contextohttp://www.blogger.com/profile/13031835655652946422noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4772924188482635470.post-42819414894960520222012-11-23T19:10:00.000-08:002012-11-23T19:10:43.052-08:00Cartas de amor de um campo nazista chegam a seu destino 70 anos depois<br />
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirJ-BwVuJvENhNY9dqWnZyFUnMdIt7I2xUu9zn55R8NFGNbMyYqSngKrgRdhSLUCbD8C1AtdRYDDwDnJNBnnjfcJQpWXVVgAtOx6NJZZQPLpA1HdgbW6xRJPpavk077k3atucC2X6khzA/s1600/Marcel-y-su-esposa-Ren%C3%A9-217x300.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirJ-BwVuJvENhNY9dqWnZyFUnMdIt7I2xUu9zn55R8NFGNbMyYqSngKrgRdhSLUCbD8C1AtdRYDDwDnJNBnnjfcJQpWXVVgAtOx6NJZZQPLpA1HdgbW6xRJPpavk077k3atucC2X6khzA/s1600/Marcel-y-su-esposa-Ren%C3%A9-217x300.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Marcel e René</td></tr>
</tbody></table>
Durante a 2ª Guerra Mundial, o <i>Service du travail obligatoire</i> (Serviço de trabalho obrigatório), da França, recrutou e deportou mais de 600 mil trabalhadores franceses para trabalhar de forma compulsória na Alemanha nazista. A nação de Hitler havia obrigado a França a criar o serviço para compensar a perda de alemães enviados à guerra.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Marcel Heuzé foi um dos franceses enviados a Alemanha. Entre 1942 e 1944, Heuzé trabalhou na fábrica de tanques, motores para aviões e veículos blindados Daimler-Benz. Nos dois anos em que permaneceu no país nazista, esteve isolado em um campo de trabalho de Marienfelde, região sudoeste de Berlim. Teve que permanecer longe de sua mulher e de suas três filhas. Para se comunicar com elas, enviou dezenas de cartas. Nunca recebeu resposta. Algumas correspondências até chegaram ao destino. Muitas foram censuradas pelos alemães. Mas não destruídas.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
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Cerca de 70 anos depois, a história das cartas de Marcel Heuzé teve um desfecho. A desenhista Carolyn Porter encontrou algumas cartas velhas em francês em uma tenda de antiguidades alemã. Ficou intrigada e comprou o material. Contratou um tradutor – já que não falava francês – e descobriu, no material, declarações do trabalhador à sua mulher e suas filhas. Eram cartas de amor que nunca haviam chegado ao seu destino. “Era lindo. Quanto terminei, queria apenas saber se Marcel havia sobrevivido. Se havia regressado a sua casa para sua esposa e filhas”, contou.</div>
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Cerca de um ano após começar a investigar o caso e com a ajuda de uma genealogista, descobriu que o trabalhador havia conseguido reencontrar sua família. Mas Marcel morreu em 1992 e sua esposa, René, em 2005. Carolyn conseguiu o contato dos filhos e netos do casal. 70 anos depois, a alemã entregou as cartas de amor do soldado francês aos filhos do casal. Em outubro de 2012, Carolyn os reencontrou – e as cartas foram lidas pela primeira vez.<br />
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<b>Fonte: </b><a href="http://super.abril.com.br/blogs/historia-sem-fim/cartas-de-amor-escritas-em-um-campo-nazista-chegam-ao-seu-destino-70-anos-depois/">Superinteressante</a></div>
Texto & Contextohttp://www.blogger.com/profile/13031835655652946422noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4772924188482635470.post-6887870421701348642012-09-30T14:20:00.000-07:002012-09-30T14:20:10.144-07:00"Tenho direito de contar minha vida" afirma Salman Rushdie<br />
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Esparramado numa poltrona, os pés repousados na mesinha de centro do escritório de seu agente literário, Salman Rushdie nem parecia o homem que por quase dez anos viveu escondido com a cabeça a prêmio.</div>
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Foi desse modo relaxado, mas sempre solícito, que o escritor recebeu a Folha há duas semanas para uma entrevista, a única a um jornal brasileiro, sobre "Joseph Anton". Na conversa de 53 minutos, Rushdie disse que publicar suas memórias foi como "tirar um peso das costas". Falou sobre o medo da morte, a relação com os policiais que o protegeram, projetos futuros, futebol e críquete.</div>
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<i>(* A entrevista é longa, mas vale a pena conferir!)</i></div>
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<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg21YRAAHfMPjDmTmk3FjyavsvCeAcvuOjGQdMgsDW3BdMGPdfSbQ_XjMzd8CNEJef4o2fLhm_TbuEYnHk9vYI6sUy59I-j9JfdNSsPLbgVuZ9qzbXWaNJb2R4tqJIvRVkobDDEIKjLqmY/s1600/Salman-Rushdie-wins-the-1-001.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="192" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg21YRAAHfMPjDmTmk3FjyavsvCeAcvuOjGQdMgsDW3BdMGPdfSbQ_XjMzd8CNEJef4o2fLhm_TbuEYnHk9vYI6sUy59I-j9JfdNSsPLbgVuZ9qzbXWaNJb2R4tqJIvRVkobDDEIKjLqmY/s320/Salman-Rushdie-wins-the-1-001.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Salman Rushdie, em 1988 <br />na ocasião da publicação de "Versos Satânicos"</td></tr>
</tbody></table>
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<b>Folha</b> - Por que o sr. escreveu suas memórias na terceira pessoa, e não na primeira?</div>
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<b>Salman Rushdie</b> - Curiosamente, eu comecei tentando escrever na primeira pessoa, mas odiei. Pareceu-me narcicístico [risos]. Não sei por que, pois escrevi romances na primeira pessoa e não tive problemas. Mas de certa forma, nesse livro, eu realmente fiquei inquieto com isso. [Disse] "Não quero escrever assim". Uma das razões é que eu quis que o livro parecesse romanceado, os personagens e a história foram concebidos como num romance. Então pensei: vejamos o que acontece se eu me puser de lado e me descrever como se fosse outro dos personagens da história. Assim, a narração mudou da primeira para a terceira pessoa. E bastou um dia escrevendo desse modo para eu ver que era o correto. Foi como uma revelação: "Sim, agora eu sei como escrever o livro".</div>
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<br /></div>
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<i>E, de certo modo, Joseph Anton é outra pessoa...</i></div>
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Isso é apenas um artifício, um nome que tive de inventar. Mas a verdade é que sempre desgostei intensamente desse nome. Detestei ter que criar outro nome, detestei o fato de que os policiais me chamavam de "Joe". Só o usei como título do livro para mostrar às pessoas como esses dias foram estranhos. A ideia de te pedirem para você trocar de nome é algo profundo. Alguém te dizer "você não pode ser mais conhecido por seu nome, terá de mudar de nome". E, para mim, isso também se conecta com o fato de que meu pai inventou o nosso sobrenome [Rushdie é uma homenagem ao filósofo árabe-espanhol Ibn Rushd, ou Averróis, um crítico do literalismo islâmico], então esse é inventado também. Tudo é invenção. Eu me peguei ficcionalizando a mim mesmo.</div>
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<br /></div>
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<i>Não acha que o uso da terceira pessoa pode soar meio arrogante? Pelé, por exemplo, só se refere a si mesmo na terceira pessoa, alegando que é para distinguir o homem, Édson, do jogador e mito, Pelé...</i></div>
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[Risos] Não, acho que a forma falada é diferente. É diferente você se referir a si mesmo na terceira pessoa falando --isso é muito estranho. Mas foi apenas para criar um clima romanesco. Mas acho que, na realidade, após poucas páginas as pessoas se esquecem e passa a ser natural.</div>
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<br /></div>
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<i>O sr. costuma dizer que preferiria que as pessoas soubessem menos sobre sua vida e mais sobre meus livros. Com estas memórias elas saberão bem mais sobre sua vida. Como se sente com isso?</i></div>
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[Risos] É algo que me deixa num grande conflito. Por um lado, eu sempre soube que em algum momento seria necessário escrever esse livro, contar essa história. Aqui estamos, o momento chegou. Mas você está completamente certo, há 20 anos eu luto com esse problema de muita gente me conhecer por causa de um fato jornalístico muito mais do que por minha obra. Sempre achei uma inversão, uma loucura. Preferiria muito mais ser conhecido como autor dos meus livros do que como a pessoa no centro dessa notícia. Mas o que se pode fazer, você não tem como evitar sua vida, e isso me aconteceu, e era uma história que precisava ser escrita, e aqui está ela. Mas sinto um pouco como se tivesse tirado um peso de minhas costas. Agora que o livro está escrito, penso em não voltar a falar nisso novamente. Uma vez que está tudo ali, se me perguntarem sobre esse período direi, "leia o maldito livro, está tudo lá". Espero que seja uma maneira de demarcar uma linha sobre o passado, de dizer, sim, isso aconteceu, essa é a história do que aconteceu. Agora podemos seguir adiante.</div>
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<br /></div>
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<i>O livro mistura momentos de grande tensão --como o dia em que seu filho Zafar sumiu, que o sr. descreve como o pior dia de sua vida-- com outros muito engraçados --caso da peruca que não deu certo, a meditação com Allen Ginsberg, o beijo na boca que Hugh Grant deu no sr.... Como atingiu isso? O sr. usou fórmulas da ficção para escrever suas memórias?</i></div>
<div style="text-align: justify;">
Não, essas coisas todas aconteceram. Apenas eu tive essa vida louca [risos]. Somente tenho senso de escritor o bastante para saber o que é engraçado e o que é amedrontador, e que é bom misturá-los. Acho que às vezes havia uma espécie de surrealismo cômico no que aconteceu comigo. Há uma descrição sobre a primeira viagem que pude fazer aos EUA epois da "fatwa", quando fui falar na Universidade Columbia, a e polícia americana foi, vamos dizer, excêntrica [risos].</div>
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<br /></div>
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<i>E eles queriam ser discretos...</i></div>
<div style="text-align: justify;">
Pois é. E eles também suspeitaram que minha então namorada, que se tornaria minha mulher, poderia ser perigosa. Eu disse a um oficial de polícia que Elizabeth era legal, gente boa, que era minha namorada. Sabe o que ele me disse: "Se eu quisesse matar você, ela seria exatamente a pessoa que eu escolheria" [risos]. Sim, houve coisas cômicas, num tempo que não era cômico. Mas acho interessane esse contraste --mesmo em meio a esse período escuro, podia haver comédias absurdas.</div>
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<br /></div>
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<i>À exceção do que o sr. chama de "Erro", com maíuscula --a capitulação esboçada no ensaio "Por que Sou Muçulmano"--, o que o sr. teria feito de diferente em relação a hoje?</i></div>
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Sabe, já me fiz muito essa pergunta. Acho que uma das coisas que teria rejeitado seria abandonar minha casa. Naqueles tempos conversei bastante com policiais que me protegiam e eles diziam que literalmente todos que haviam recebido proteção eram protegidos em suas casas. Diziam que não eram treinados para ocultar pessoas, mas para protegê-las. O modo padrão de fazer isso neste país é que você continue em sua casa, e a polícia uniformizada protege a propriedade. E a divisão especial protege o indivíduo, ou seja, se você se move, deixa a casa, a divisão especial te leva aonde você for. Eu não estava autorizado a voltar para minha casa, e não entendia o motivo. A resposta é: porque assim é mais barato [para a polícia]. Mais barato para eles, não para o sr., que pagou os aluguéis e despesas do próprio bolso...</div>
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Sim, mais barato para eles, e muito caro para mim.</div>
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<br /></div>
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<i>E é curioso, porque o sr. se mudou muitas vezes nos primeiros anos... Eu contei 18 lugares diferentes nos três primeiros anos, o sr. já calculou o número exato?</i></div>
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Já calculei, mas agora não me lembro. Nos dois primeiros anos, 1989 e 1990, houve muitas mudanças. Depois disso pude alugar a casa em que fiquei por quase um ano, uns nove meses. E depois eu comprei a casa em que morei por sete anos. Então parou, e foi o momento em que as coisas se estabilizaram e consegui me restabelecer, ficar mais ativo e trabalhar melhor.</div>
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<br /></div>
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<i>A todo instante no livro o sr. reitera que viver escondido é uma humilhação. De algum modo o sr. extraiu também boas coisas dessa experiência?</i></div>
<div style="text-align: justify;">
Foi interessante descobrir que não sou louco. Tudo isso me mostrou que meu vigor mental é bem maior do que eu poderia supor. Uma situação assim pode ser muito prejudicial mentalmente, especialmente se ela se prolonga por uma década. Conversei com outras pessoas que viveram isso... como um juiz britânico que era ameaçado pelo IRA e teve que viver em condições semelhantes, escondido, teve de deixar sua casa etc. No caso dele durou cinco ou seis meses apenas, até que o IRA decidiu que não queria mais matá-lo e ele pôde voltar pra casa. Ele me disse, e ele é mais velho que eu, que foi mentalmente muito perturbador para ele e, mais ainda, para a mulher dele, que também teve de deixar sua casa e ficou absolutamente abalada. É algo danoso existencialmente ser arrancado à força do lugar onde você vive. E eu fiquei muito desequilibrado por um tempo, mas foi interessante perceber que saí de tudo razoavelmente ileso, o que significa que talvez eu seja mais resistente do que pensava.</div>
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<br /></div>
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<i>E a chave para isso foi o trabalho, como o sr. escreveu?</i></div>
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A chave foram duas coisas: trabalho e um grupo muito leal e próximo de pessoas à minha volta, que deixaram claro que tomariam conta de mim e me ajudariam.</div>
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<i><br /></i></div>
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<i>Amigos e policiais...</i></div>
<div style="text-align: justify;">
Sim, a polícia também, mas estou falando sobre amizade.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>Salvo engano, o sr. não se refere diretamente ao medo de morrer (o sr. fala num trecho que "havia a questão de saúde e a questão correlata do medo", quando fala de exames médicos a que se submeteu). O sr. não teve medo de ser assassinado?</i></div>
<div style="text-align: justify;">
Não acho que fosse exatamente medo, era mais como depressão. Logo no começo, e descrevo isso no livro, quando ouvi pela primeira vez isso [a sentença de morte], presumi que estaria morto em poucos dias. Se você me perguntasse quantos dias eu achava que viveria, eu provavelmente responderia "menos de dez dias". Essa foi a situação inicial. Depois disso... Eu tinha 41 anos, e achava muito improvável que chegasse ao meu 42º aniversário. Agora estou com 65, então não fui tão mal... Mas não se manifesta exatamente como medo, mas como aturdimento, sentimento de desequilíbrio e de incerteza de qual é a melhor maneira de agir, tornou-se muito difícil julgar qual era a ação correta, qual era a errada. Eu ficava muito chateado de ver as pessoas me descrevendo publicamente em termos que me pareciam muito falsos, às vezes ficava com raiva por isso, noutras estressado. Então havia um turbilhão de coisas dentro de mim, de que eu me recordo muito vivamente, mas não era tão comum que eu pensasse, "oh, eu estou com medo". Havia muito mais coisa com que me incomodar. E acho também que até certo ponto eu rapidamente gostei das pessoas que cuidavam de mim, parecia claro que faziam muito bem o seu trabalho. Então comecei a confiar neles, a pensar que aqueles caras sabiam o que estavam fazendo. E isso amenizou o tema do medo.</div>
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<br /></div>
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<i>O sr. escreve que naquele período viveu numa "bolha". Hoje o sr. está 100% fora da "bolha"?</i></div>
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Estou descobrindo as perguntas favoritas sobre este livro [risos]. Uma é: você está realmente bem agora, ou ainda há perigo? A outra é: se você soubesse o que aconteceria, repetiria o que fez? Todo jornalista faz estas perguntas, todo. A verdade é que se passaram mais de dez anos [do fim da ameaça efetiva]. A última cena do livro, quando a divisão especial vai embora, se passa em março de 2002. Desde então, eu não tenho mais polícia em minha vida. Tem sido bom. Há um ponto do livro em que conto que a polícia dizia para que eu não tratasse as coisas como 100% seguras, que isso não existe. Eles lembravam do atentado contra o presidente [americano Ronald] Reagan [em 1981, quando o republicano foi baleado], no qual, se você reparar, todos os agentes de segurança se comportavam impecavelmente. Ninguém fora de posição, reação muito rápida e, mesmo assim, o presidente foi baleado. Fiquei impressionado com isso, é uma análise reveladora. À medida que o tempo passou, foi ficando claro para mim que, se eu fosse esperar pelo dia que alguém disesse: "ok, Salman, agora está 100% seguro, tudo bem, acabou tudo, pode ir que nada acontecerá", esse dia nunca chegaria. Ninguém nunca me diria isso, porque, se algo desse errado, seria culpa desse alguém. Eu sabia que chegaria um momento em que eu teria de tomar essa decisão. E então houve a experiência de ir para os EUA, e foi dignificante, foi como se eu estivesse reconquistando algum tipo de controle sobre minha vida. Enquanto isso o nível de risco foi diminuindo cada vez mais, até chegar o ponto em que ficou muito baixo. Foi quando eles [o serviço secreto da polícia] disseram que não precisavam mais estar por perto. Eu fui os encorajando a dizer isso por cerca de um ano antes disso, porque não achava aceitável que eu fosse para os EUA e levasse uma vida comum --pegasse táxis, andasse de metrô--, sem dificuldades, e voltasse a Londres e fosse colocado num carro à prova de balas. E eu disse, "quer saber, isso não faz sentido; o que eu faço lá eu poderei fazer aqui", e os convenci que tínhamos chegado ao ponto de abrir mão de todo aquele esquema.</div>
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<br /></div>
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<i>Pegar um táxi é uma imagem forte de liberdade para o sr. A cena final do livro é o sr. pegando um táxi...</i></div>
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Sim, porque boa parte da vida neste período era estar cercado por outras pessoas, eu não conseguia nem mesmo dirigir um carro --exceto quando ia para os EUA, onde alugava um carro e o dirigia eu mesmo, mas aqui fiquei uma década sem poder dirigir. O táxi também é um carro que você não dirige [risos], mas pelo menos você pode acenar a mão e pará-lo. Primeiro é porque de fato isso aconteceu naquele dia. E eu só queria terminar com uma imagem de retorno à vida comum. Outra coisa que aprendi sobre mim foi como eu me reajustei rapidamente. Em dois dias já não me sentia estranho. Pensei: "ok, provavelmente não é só comigo, isso provavelmente significa que seres humanos têm desejo por normalidade, pela vida comum". Isso é tão forte, temos uma necessidade tão grande disso, de sentir que o mundo é... banal, que o mundo é o que é --não é extraordinário, nem bizarro, nem surreal. Nós queremos viver este mundo.E quando fui devolvido a este mundo eu rapidamente me readaptei a ele. Há até mesmo uma certa distorção, algo meio cômico, de me pegar feliz esperando na fila de um supermercado, em vez de ter alguém pra fazer compras por mim. "Sim, vou esperar na fila, é legal". [risos] Eu apenas estava curtindo fazer de novo o que qualquer pessoa pode fazer e que eu não pude fazer por dez anos. Como conto no livro, naquela visita política que fiz a Paris e que de repente percebi que eles tinham fechado a place de la Concorde. E eu sempre fiquei com essa imagem, de um pequeno bistrô, cujos frequentadores ficaram olhando a caravana e perguntando "quem é esse cara por quem fecharam a place de la Concorde", enquanto o que eu mais queria era estar como eles naquele bistrô, tomando um café. Eu eu pensava comigo mesmo se algum dia poderia voltar a estar num lugar daqueles ou se o resto de minha vida seria aquela loucura. Então quando eu percebi que poderia ser de novo aquela pessoa sentada no bistrô tomando o café, fiquei muito feliz, foi como um presente da vida. Por isso é que a readaptação à vida comum é tão rápida, porque você a deseja muito.</div>
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<br /></div>
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<i>Mas tudo acabou realmente, ou em algumas ocasiões o sr. ainda precisa de proteção policial? Hoje o sr. não conta com nenhuma proteção?</i></div>
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Não. Como eu disse, faz dez anos e meio [que não preciso]. Veja bem, não acabou a ponto de eu... eu não pretendo, por exemplo, passar férias em Teerã. Há lugares no mundo que seriam perigosos para mim, aos quais eu não posso ir. Como o Paquistão. Eles não me dariam visto e, se eu fosse, seria super-perigoso. Podemos ver como Paquistão ficou perigoso, eles matam pessoas todos o dias.</div>
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<br /></div>
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<i>Eu pergunto por que recentemente o sr. teve problemas na Índia, teve de cancelar sua ida ao festival literário de Jaipur por causa de ameaças...</i></div>
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Sim, o episódio de Jaipur foi algo estúpido. Alguns políticos locais acharam que ganhariam votos dos muçulmanos se estimulassem reações contra mim. E acho que de certo modo a coisa foi meio mal conduzida pela organização do festival. A maior prova é que exatas três semanas depois eu fui falar numa conferência muito maior em Nova Déli e não houve problema algum --apesar de veículos menos escrupulosos da mídia indiana terem procurado os que me ameaçaram três semanas antes perguntando se não iriam fazer nada, e eles disseram "não", porque agora ninguém os estava pagando, a eleição já havia passado. Estive na Índia ao menos uma vez por ano, todo ano, nos últimos 12 anos. Não é difícil. Acabei de fazer um filme, a adaptação de [meu romance] "Os Filhos da Meia-Noite", [da qual escreveu o roteiro], que foi filmado no Sri Lanka e na Índia. Com a Índia eu não me preocupo. Mas fiquei muito aborrecido com a história de Jaipur, porque acho que foi meio mal conduzido, se os organizadores tivessem levado de outra maneira as coisas poderiam ter sido resolvidas. Às vezes quem é inexperiente com esse tipo de coisa entra em pânico, e acho que houve muito pânico nisso.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>O livro revolve temas muito sensíveis e que, embora continuem na agenda global em termos gerais, de modo específico estavam de certo modo adormecidos, como suas críticas ao aiatolá Khomeini [a quem define como "assassino" no livro]. Que reações espera dos que ameaçaram o sr. no passado?</i></div>
<div style="text-align: justify;">
Eu não me importo. Essa é a história da minha vida e tenho o direito de contá-la. É isso. Minha visão, e é um tema a que me refiro com frequência no livro, é que a tática desses grupos extremistas é criar medo. Por trás de sua pergunta está o medo de que algo possa acontecer. Essa é exatamente a situação que eles querem criar. Criar medo, que significa não fazer o que é perfeitamente natural fazer. Não podemos nos permitir pensar assim. Não podemos dar a eles tanto poder. Temos que dizer que [publicar esse livro] é algo completamente legítimo. Essa é a história da mina vida, não falsifiquei nada, isso foi o que aconteceu.</div>
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<br /></div>
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<i>O sr. transcreve apenas pequenos trechos de seus diários, mas há várias passagens no livro muito ricas em detalhes. É tudo de memória, ou o sr. mantém diários detalhados deste período?</i></div>
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Tudo veio dos diários. Eu os preservei com muito cuidado. Até 1988 eu não mantinha um diário, nunca tive o hábito. Quando tudo isso começou, eu pensei: ora, tanta coisa está acontecendo, o peso e a velocidade dos acontecimentos era tão grandes que, mesmo se você tiver uma memória muito boa não vai conseguir lembrar de tudo. Então comecei a escrever um diário. Primeiro tomando notas --era 1989, antes dos computadores pessoais. Até 1992 ou 1993, está tudo escrito em diários. A partir daí fiz no computador. Mas, sim, eu mantive diários muito detalhados. Quando voltei a relê-los, fiquei surpreso de quão detalhados eram, tinha muito mais informação do que eu conseguia lembrar. O material público não é tão difícil de recuperar --você pode pesquisar e descobrir que dia tal coisa aconteceu--, mas o material privado você não tem outra forma de fazer a não ser com um diário. Se eu quisesse, o livro poderia ser duas vezes maior, porque há muito material mesmo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>Há detalhes de diálogos...</i></div>
<div style="text-align: justify;">
Sim, quando eu descrevo discurso direto é porque tenho notas sobre aquilo.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>E o sr. não considerou, ou não considera, a possibilidade de publicar os diários?</i></div>
<div style="text-align: justify;">
Não, porque são uma confusão. Conheço escritores que mantêm diários muito meticulosos, [a escritora e crítica americana] Susan Sontag [1933-2004] escreveu em seu diário todos os dias da vida. E o fez como se estivesse escrevendo [um livro], pronto para futura publicação. E neste caso, sim, os diários dela foram publicados e são textos notáveis, talvez sejam a coisa mais marcante que ela já escreveu, porque são quase 40 anos de diários e serão publicados em vários volumes. Os meus são mais em forma de notas. Mas o que me surpreendeu é que há muitos deles, que me deram material mais do que suficiente para eu escrever o livro.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>Soube que o sr. acertou uma visita ao Brasil durante o período em que viveu escondido, mas acabou a cancelando por causa das demandas do esquema de segurança da Polícia Federal brasileira. O que aconteceu?</i></div>
<div style="text-align: justify;">
É verdade, você está certo. Eu tinha me esquecido disso. Você pode descobrir melhor com Luiz Schwarcz [editor da Companhia das Letras, que publica Rushdie no Brasil], porque ele lembra mais dos detalhes, foi ele quem conduziu toda a negociação. Mas é que eu tinha chegado a um ponto da vida em que o nível de segurança havia diminuído, não havia mais aquela emergência. E se fosse para ir ao Brasil para ficar cercado por homens armados, carros blindados etc, não teria uma experiência brasileira, vou só ficar nessa espécie de bolha artificial. E pensei: "Já tenho esse problema em casa, não preciso cruzar o mundo para continuar preso a uma rede de segurança".</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>Mas como começou --foi um convite de quem?</i></div>
<div style="text-align: justify;">
Eu não lembro mesmo. Pergunte a Luiz. [O editor relatou que partiu da Companhia das Letras a ideia, e que a própria editora abortou o projeto diante do megaesquema de segurança exigido pela PF]. O que me lembro é que, anos depois, quando já podíamos fazer as coisas, quando eu pude ir ao festival de Paraty [Flip], por exemplo, tudo se deu normalmente e eu passei ótimos momentos. Luiz é um velho amigo e teve muito cuidado de me proporcioná-los. Sempre lembro que na primeira vez que cheguei ao Rio, ele me disse: "Não vou fazer uma grande festa para você, seria melhor se jantássemos com alguns amigos". Eu disse: "Ok, ótimo". Fomos para o restaurante e percebi que toda a rua estava fechada. Eu perguntei: "Isso é por causa de mim?". "Não", ele disse, "há algumas outras pessoas importantes aí dentro". Entramos e estavam Chico Buarque, Caetano Veloso, Rubem Fonseca, Patrícia Melo, Fernando Meirelles, Gilberto Gil faria um show... Foi um encontro impressionante.</div>
<div style="text-align: justify;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>Um pequeno jantar com amigos...</i></div>
<div style="text-align: justify;">
Um pequeno jantar, poucos amigos [risos]. E eu lembro de dizer: "Luiz, por que Gisele [Bündchen] não está aqui? Todos os outros brasileiros famosos estão aqui... "[gargalhadas] Parecia uma omissão, todos os outros estavam lá. Para mim foi extraordinário, porque foi minha introdução ao Brasil, entre essas pessoas extraordinárias.</div>
<div style="text-align: justify;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>Isso foi em 2005, quando o sr. veio pela primeira vez para a Flip?</i></div>
<div style="text-align: justify;">
Foi em 2004 ou 2005, sim, na primeira vez da Flip [embora a primeira vinda de Rushdie ao Brasil após a "fatwa" tinha sido em 2003, para a Bienal do Livro do Rio]. Lembro que João [Moreira] Salles estava lá e ele me perguntou se eu queria ir a um jogo de futebol. Claro que eu queria, e ele me levou ao Maracanã. Então minha primeira vez no Brasil foi muito impactante...</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>Lembra para qual jogo ele levou o sr.?</i></div>
<div style="text-align: justify;">
Foi a um jogo do Botafogo. Foi ótimo. O estádio não estava cheio, mas foi muito bom ter ido.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>O sr. gosta de futebol, não?</i></div>
<div style="text-align: justify;">
Sim, claro. O futebol brasileiro é algo que todo mundo adora assistir. Eu me lembro de que... Porque Luiz já fez tanto por mim ao longo dos anos. Então quando houve a Copa da Alemanha [em 2006], um amigo alemão que é jornalista esportivo me ofereceu duas entradas para o jogo de estreia do Brasil, no Estádio Olímpico de Berlim. escrevi para Luiz: "Você quer vir?". E ele voou de São Paulo, "claro que quero ir". Meu amigo tinha conseguido uns lugares muito bons, bem no meio do estádio, na área VIP. E quando nós entramos e Luiz viu onde estávamos, ele começou a chorar. Disse: "Você nunca vai entender o que fez por mim". Ele me fez vestir uma camisa do Brasil. Felizmente vocês ganharam. Não jogaram tão bem, mas ganharam, acho que por 1 a 0 [foi este mesmo o placar]. Um ex-integrante da divisão especial da polícia que protegeu o sr., Ron Evans, escreveu um livro com críticas ao comportamento do sr. durante o período de proteção [processado por Rushdie, depois Evans afirmou a um tribunal que inventara as histórias, chegando a um acordo com o escritor]. O sr. leu o livro? O que tem a dizer sobre ele?</div>
<div style="text-align: justify;">
Sim, tive de ler por causa da ação de calúnia. Esse cara foi expulso da polícia porque foi descoberto que ele estava fraudando as suas despesas, ele foi demitido. E escreveu esse livro como que para se vingar. Há alguns capítulos sobre mim, porque ele foi um dos motoristas da minha equipe durante um pequeno período. Deve ter sido orientado por alguém, talvez por seu editor, a apimentar algumas histórias sobre mim. Então ele escreveu que eles me odiavam tanto que me trancaram num quartinho e foram para um bar. Antes de tudo, se um policial britânico armado tomar um drinque, ele é imediatamente expulso da polícia. Quando o livro saiu, os outros policiais se sentiram muito ofendidos. E havia muito mais lixo. Então um dos motivos para exibir essas entrevistas [com outros policiais] na BBC [num documentário sobre as memórias que será lançado em seguida ao livro] foi para mostrar que tudo ocorreu bem e que ainda nos damos bem. Eu conheço a vida dessas pessoas que cuidaram de mim, sei de suas famílias etc. Nos meus diários tenho material que permitiria escrever um livro só sobre eles. Não há muita gente nessa Divisão Especial que protege pessoas, talvez uns 200 integrantes. Eles são supertreinados, a cada quatro ou seis semanas têm que se submeter a novos testes com armas e precisam ter eficiência de quase 100%, algo como 96% ou 97%, senão perdem o direito de portar armas. E são treinados em várias outras técnicas, entre elas a de como ser discreto em volta da pessoa que estão protegendo. Porque eles sabem que são muito intrusivos. Colocar policiais armados na casa de alguém é realmente uma intromissão, especialmente se você tem mulher e filhos --é estranho. Não conheci todos, mas conheci muitos deles muito bem. E pensei como era esquisito que alguém sempre se viu como alguém de esquerda terminar cheio de amigos na polícia secreta britânica. É algo que nunca esperei acontecer [risos]. Um deles era muito interessado em críquete e era membro do MCC [Marylebone Cricket Club, um renomado clube inglês de críquete], então conseguiu ingressos para jogos no Lord's Cricket Ground, e eu sempre adorei o Lord's, acho um dos grandes lugares de Londres. Uma vez ele arranjou dois ingressos, e passei uma tarde maravilhosa com Harold Pinter no Lord's graças a esse policial.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>O sr. joga ou jogou críquete?</i></div>
<div style="text-align: justify;">
Sim, eu costumava jogar, desde a escola. Sou da Índia, um país onde todo mundo joga críquete.</div>
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<i><br /></i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>Alguns livreiros creem que, ironicamente, este será o seu livro mais comercial, que pode ser um best-seller. O que o sr. acha?</i></div>
<div style="text-align: justify;">
Terá de se sair muito bem para ser meu livro mais comercial, porque "Os Filhos da Meia-Noite" e "Os Versos Satânicos" venderam muito. Se este vender mais, ficarei muito feliz. Apenas na Inglaterra, "Os Filhos da Meia-Noite" vendeu bem mais que 1 milhão de exemplares, fora outros países de língua inglesa, e teve 46 traduções [após a polêmica em torno do livro, "Os Versos Satânicos" também superou a casa do milhão de exemplares pelo mundo].</div>
<div style="text-align: justify;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>Em que livros ou projetos sr. está trabalhando?</i></div>
<div style="text-align: justify;">
Tenho algumas coisinhas que acho que podem ser o começo de um novo romance, mas, para ser sincero, nos próximos meses estarei fazendo isso [divulgando "Joseph Anton"] e nem mesmo tenho tempo de pensar o que poderá vir depois. Também tem o filme de "Os Filhos da Meia-Noite" saindo [Rushdie esteve há poucos dias no Festival de Toronto, no Canadá, para première do filme]. E estou desenvolvendo uma série de TV, com o canal americano Showtime, "The Next People", uma espécie de ficção científica paranoica, terminei a segunda versão do roteiro, tenho que esperar a emissora aprovar para dar o próximo passo, que é escolher o diretor e o elenco e gravar o piloto. Se aprovarem o piloto, partiremos para a primeira temporada e haverá muito trabalho a fazer.</div>
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<br /></div>
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<i>Algum plano de voltar ao Brasil?</i></div>
<div style="text-align: justify;">
Não, mas eu sempre acabo por lá. Gostaria de ir quando não tiver lançando um livro, porque o problema de ir na época do lançamento é que é tudo que dá pra fazer. E eu só estive no Rio, em São Paulo e em Paraty. Gostaria de viajar um pouco pelo país, é um país enorme, e eu só vi esta pequena parte dele, gostaria de explorá-lo. Na próxima vez acho que irei não por causa de um lançamento.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>Talvez durante a Copa de 2014...</i></div>
<div style="text-align: justify;">
Sim, seria uma loucura, vou levar Luiz para retribuir a honra [risos].</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Fonte:</b> <a href="http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/1154648-tenho-o-direito-de-contar-a-minha-vida-diz-salman-rushdie.shtml">Folha Ilustrada</a></div>
Texto & Contextohttp://www.blogger.com/profile/13031835655652946422noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4772924188482635470.post-78288378771548802312012-07-13T11:53:00.002-07:002012-07-13T11:53:53.588-07:00Os pequenos absurdos de "O Maior Brasileiro de Todos os Tempos"<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiRZg8UYfCKbf21ekgps8wTvSDjC7Xl0kNSD8Ni_V0GD_k9RXq3g0_uYZ552oz9OmKvpehFTY74oNBd9cxgL0wFDBemIonpXibznZhBfmVw7oF1rH0bgEnOTqxNWhgGY40dShma6gjNo-k/s1600/maior.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiRZg8UYfCKbf21ekgps8wTvSDjC7Xl0kNSD8Ni_V0GD_k9RXq3g0_uYZ552oz9OmKvpehFTY74oNBd9cxgL0wFDBemIonpXibznZhBfmVw7oF1rH0bgEnOTqxNWhgGY40dShma6gjNo-k/s400/maior.jpeg" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
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<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Tony Goes</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O primeiro dos doze programas da série "O Maior Brasileiro de Todos os Tempos" (SBT) foi ao ar na quarta passada, mas já sabemos quem vai ganhar. O pouco de suspense possível foi dissipado antes mesmo da estreia, quando Silvio Santos proibiu que seu nome fosse votado, assim como o de qualquer contratado de sua emissora.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Os vencedores foram óbvios em quase todos os países onde o formato desenvolvido pela BBC foi produzido. Alguém duvida que os sul-africanos escolheriam Nelson Mandela? Ou que os britânicos iriam de Winston Churchill, seu último grande herói nacional?</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Se não houve surpresas, pelo menos não faltaram controvérsias. Os telespectadores chilenos elegeram Salvador Allende, o presidente esquerdista deposto por um golpe militar em 1973. Apesar de ter se tornado um mito, Allende está longe de ser uma unanimidade em seu país.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Outro bafafá aconteceu em Portugal, onde o ditador Antonio de Oliveira Salazar venceu figuras de porte como Vasco da Gama ou Pedro Álvares Cabral. Salazar foi sem dúvida alguma a figura dominante da história portuguesa do século 20, mas seu legado ainda divide os lusos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Aqui no Brasil, o programa estreou com um quinhão razoável de polêmicas. Como é que, entre os Amados, preferimos o Batista ao Jorge? Fernando Collor de Mello, escorraçado do poder em 92, emplacou a 78ª posição? E quem é Lua Blanco?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
"O Maior Brasileiro de Todos os Tempos" não teria a menor graça se não fosse por esses pequenos absurdos. Uma lista elaborada por historiadores seria muito mais justa, é claro, mas também aborrecidíssima.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Comenta-se que torcidas organizadas de líderes evangélicos e jogadores de futebol estejam empurrando seus ídolos para a frente. Não há mal nisto, a não ser o assombro de ver um goleiro melhor posicionado no ranking do que um cientista.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O programa tem o mérito de contar um pouco da vida e obra de cada um dos classificados, o que é ótimo no caso de personalidades mais obscuras como o padre Landell de Moura. Mas os especialistas chamados a avalizar os eleitos poderiam ter variado mais: eram sempre os mesmos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Carlos Nascimento, fazendo sua estreia em programa de auditório, ainda precisa se soltar mais, mas até que segurou bem a peteca. Mas não deixa de ser irônico vê-lo comandando uma atração dessas, onde Tiririca é considerado mais importante do que o Marechal Rondon ou o Duque de Caxias --justo Nascimento, que em janeiro passado desabafou que estamos todos ficando mais burros.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Só para zoá-lo, já sei em que eu votaria como a maior brasileira de todos os tempos: Luiza, que está no Canadá.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
"O Maior Brasileiro" é para gerar polêmica, não suspense.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
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<b>Publicado originalmente com o título </b> "<i>O Maior Brasileiro" é para gerar polêmica, não suspense"</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Fonte:</b> <a href="http://f5.folha.uol.com.br/colunistas/tonygoes/1119603-o-maior-brasileiro-e-para-gerar-polemica-nao-suspense.shtml">F5</a></div>Texto & Contextohttp://www.blogger.com/profile/13031835655652946422noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4772924188482635470.post-45936006515410690472012-07-01T11:38:00.001-07:002012-07-01T11:38:27.280-07:009 escritores que previram o futuro<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
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<b>Ana Carolina Prado</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<u>Esqueça Nostradamus e aquele cara que disse que o mundo ia acabar em maio deste ano. As profecias mais acertadas sobre o futuro vieram dos escritores de ficção. Às vezes a exatidão de detalhes é impressionante, como no caso da ida do homem à Lua, antecipada por Júlio Verne. Alguns dos autores até reconheceram que fariam fortuna se tivessem patenteado algumas de suas invenções visionárias. Quer ver?</u></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiTnDZbCW_v6QlYLLpAe9beqTk_6m6Bjz4MWsMQAvMGnWVIOYjDdWWRU1Y3QbDf6L1tyoqwyJKTE2S0Kiv944wYCVvXP_iHrlvQG0Syi8po3W9dP1NXOO9MINVXd1KvNS3p5j-jKCqnmkU/s1600/Jules_Verne.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiTnDZbCW_v6QlYLLpAe9beqTk_6m6Bjz4MWsMQAvMGnWVIOYjDdWWRU1Y3QbDf6L1tyoqwyJKTE2S0Kiv944wYCVvXP_iHrlvQG0Syi8po3W9dP1NXOO9MINVXd1KvNS3p5j-jKCqnmkU/s200/Jules_Verne.jpg" width="143" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Julio Verne<br /></td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<b style="background-color: white;">Júlio Verne (1828 - 1905)</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Julio Verne foi um dos pioneiros do futurismo e previu a existência de viagens espaciais, submarinos, helicópteros e satélites. Em 1869, o escritor francês imaginou um submarino que utilizava um combustível eficiente e praticamente inesgotável. A ideia se concretizou em 1955, com o primeiro submarino de verdade movido por propulsão nuclear. Ele recebeu o nome de Nautilus em homenagem ao veículo descrito por Verne.<span style="background-color: white;">A descrição de uma viagem à Lua também foi quase profética: o livro Da Terra à Lua (1865) é praticamente um rascunho do que ocorreu de fato com o projeto americano Apollo, em 1969. A duração da jornada (97 horas na ficção e 103, na realidade), o número de tripulantes (três), os locais de lançamento (a Flórida) e de pouso (o Mar da Tranqüilidade, na Lua), tudo parece ter sido previsto um século antes. A cápsula de Verne, em forma de bala, media 4,8m de altura e 2,7m de diâmetro. A Apollo media 3,7m de altura e 3,9m de diâmetro. Até mesmo o regresso à Terra, com o pouso no Pacífico e o resgate por um navio, é igual.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>H. G Wells ( 1866 – 1946)</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white;">A lista de invenções e ideias de Wells que se tornaram realidade é impressionante. Em Guerra dos Mundos (1898), ele descreve o laser e, em When the sleeper wakes (1899), fala de portas automáticas. Wells não descreveu especificamente o celular, mas falou de um futuro em que as pessoas usariam meios de comunicação sem fios e correios de voz em alguns de seus romances. Suas “previsões” sobre a guerra também foram impressionantes. Tanques, bombardeamentos aéreos e mesmo bombas nucleares já estavam descritos em seus livros.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Arthur C. Clarke (1917 – 2008)</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ele próprio confessa que teria ficado rico se tivesse patenteado a idéia dos satélites em órbita fixa ao redor da Terra. A sugestão foi apresentada em um artigo de 1945, como um meio de melhorar as telecomunicações. O conto A Sentinela (1951) deu origem a 2001: Uma Odisséia no Espaço, filme de 1968 de Stanley Kubrick sobre o supercomputador HAL 9000, que comanda uma espaçonave, adquire vontade própria e começa a eliminar os tripulantes. O filme prevê os computadores capazes de derrotar o homem no xadrez (coisa que aconteceu em 1997, quando um supercomputador da IBM bateu o campeão de xadrez Gari Kasparov em um tira-teima) e mostra uma cidade orbital quase igual à Estação Espacial Internacional.</div>
<div style="text-align: justify;">
Até o iPad já tinha sido “previsto” por Clarke. No livro 2001, escrito em 1968, baseado no script que ele escreveu para o filme de Stanley Kubrick, o protagonista utiliza algo chamado Newspad, um computador usado basicamente para exibir conteúdo como jornais, atualizados automaticamente, durante uma viagem.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Cyrano de Bergerac (1619 – 1655)</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O escritor e duelista francês existiu de verdade e, sim, tinha um enorme nariz (mas isso não é relevante). Em pleno século 17, ele descreveu em uma de suas obras algo que se parecia com um gravador: uma caixa que permitia “ler com as orelhas”. E vai mais longe: em Viagem à lua (1650), ele fala de uma nave dividida em várias partes que se queimavam sucessivamente, até situar a cápsula tripulada em órbita. Parece familiar? A ideia foi retomada por Julio Verne em Da Terra à Lua, de 1865.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEitC0nuFWRhiyWCCKAKBriC1ErDhNOWBJ1qeo8z8csgxuj6NoyKR9PMsd0Cn0Ne4ib49yglVG7-pSpyXLwXfF7OX7OGxMiPKR_i1QVpKyX1tkMCdkL568gHReT9yWOVCKFoAVEVwyLTvDg/s1600/600full-aldous-huxley.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEitC0nuFWRhiyWCCKAKBriC1ErDhNOWBJ1qeo8z8csgxuj6NoyKR9PMsd0Cn0Ne4ib49yglVG7-pSpyXLwXfF7OX7OGxMiPKR_i1QVpKyX1tkMCdkL568gHReT9yWOVCKFoAVEVwyLTvDg/s200/600full-aldous-huxley.jpg" width="130" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Aldous Huxlet</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<b>Aldous Huxley (1894 - 1963)</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A obra mais famosa do escritor inglês, Admirável Mundo Novo (1932), descreve um cenário sombrio em que a casta dirigente recorre à lavagem cerebral e à manipulação genética para manter a população idiota. O livro prevê a liberação sexual dos anos 60, as drogas químicas, a clonagem e até a realidade virtual, que ali aparece com o nome de cinema-sensível. Fora todas as outras associações possíveis entre o “mundo novo” de Huxley e o nosso.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Geoffrey Hoyle (1942)</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O escritor britânico nascido em 1942 escreveu o livro 2010: Living in the Future em 1972 e antecipou boa parte da tecnologia do século 21. Webcams, compras pela internet, ensino à distância, bibliotecas digitais, estava tudo lá. Olha a descrição de uma sala com acervo digital em uma biblioteca do futuro: “Os livros, filmes e jornais estão todos armazenados no computador da biblioteca. Primeiro você acessa o índice de biblioteca. Este arquivo contém todos os livros que já foram escritos. Não importa se eles foram primeiro escritos em chinês ou francês. Eles vão estar aqui, traduzidos para o Inglês. Há também um índice de filmes e jornais.” <span style="background-color: white;">Na descrição de Hoyle, você pode até virar as páginas usando botões e acessar qualquer livro em sua própria casa. Ele previu até o déficit de atenção das pessoas do futuro: “Enquanto você está na biblioteca, você pode querer ver alguns filmes de viagem para lhe ajudar a decidir para onde irá nas próximas férias. (…) Até mesmo se você estiver sozinho em sua casa, você pode conversar com seus amigos durante a aula. É so digitar o número de um amigo e o seu rosto aparece no canto da tela”. Gente!</span></div>
<div style="text-align: justify;">
Dá para ler o livro nesse tumblr (em inglês):<i> http://2010book.tumblr.com/</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>George Orwell (1903 – 1950)</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A expressão Big Brother surgiu no romance 1984 (1948), em que o autor britânico antevê as paranoias que se tornariam realidade com as câmeras de vigilância espalhadas hoje por todo lado. O adjetivo “orwelliano” cabe a todo regime totalitário que altera fatos históricos a seu favor e só acredita na paz por meio da guerra. Fora que o autor inspirou um dos reality shows mais famosos do mundo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Ray Bradbury (1920 - 2012)</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjFb86YFnFtcGimMzxW6GTjdK4YJBUnmGmIDj5T2DXS9MGPIOEdzMZmB1Ke8V_lHzuC1FtplBcs9T6jHLjKxmCnKCWhqb51h4NVAF-kJsrI0ZK6ZTLCb_8pBfzvsnhFB4lVCAY32TD_pEI/s1600/raybradbury.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjFb86YFnFtcGimMzxW6GTjdK4YJBUnmGmIDj5T2DXS9MGPIOEdzMZmB1Ke8V_lHzuC1FtplBcs9T6jHLjKxmCnKCWhqb51h4NVAF-kJsrI0ZK6ZTLCb_8pBfzvsnhFB4lVCAY32TD_pEI/s200/raybradbury.jpg" width="178" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b style="text-align: justify;"><span style="font-size: x-small;">Ray Bradbury </span></b>
</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
No livro Fahrenheit 451 (de 1953), Bradbury imagina os EUA dos anos 90 como uma sociedade hedonista e anti-intelectual, onde é proibido ler livros. Nesse mundo, todo trabalhador sonha em comprar sua “televisão de parede”, uma sala com projeções 3D e um sistema de som multicanal, onde as pessoas se sentem imersas na transmissão de espetáculos musicais ou competições que testam seu conhecimento sobre cultura popular, e onde os atores de suas séries preferidas são chamados de família. Detalhe: quando Fahrenheit foi lançado, em 1953, a televisão colorida havia sido lançada nos EUA fazia apenas 3 anos e ainda era extremamente cara. Tecnologias como o laserdisc e sistemas de som multicanal, que iriam tornar possível os home theaters, só surgiram na década de 1980. Morto nesse ano, Bradbury viu suas previsões acontecerem.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Johann Wolfgang von Goethe (1749 – 1832)</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Além da literatura, Goethe se interessava muito por ciência e deixou trabalhos importantes em campos como botânica, física, química e até meteorologia. E ele previu um retrato acertado sobre o mundo atual também. Em Fausto, Goethe antecipou a questão ambiental que o homem enfrenta hoje, destruindo a natureza em prol de um suposto desenvolvimento da civilização. No romance Os anos de peregrinação de Wilhelm Meister, ele cunhou o termo ‘velocífero’, mistura das palavras “velocidade” e “Lúcifer”, para se referir a um mundo frenético de velocidade demoníaca.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Fonte: </b><a href="http://super.abril.com.br/blogs/superlistas/9-escritores-que-previram-o-futuro/?utm_source=redesabril_jovem&utm_medium=twitter&utm_campaign=redesabril_super">Superinteressante</a></div>
<div>
<br /></div>Texto & Contextohttp://www.blogger.com/profile/13031835655652946422noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4772924188482635470.post-34642418494704011952012-06-27T17:44:00.000-07:002012-06-27T17:44:47.805-07:00O sexo do diploma - considerações e reflexão sobre a lei que permite a flexão de gênero em diplomas<br />
<div style="text-align: justify;">
<b>Adriana Natali</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>As mulheres agora sairão da escola com o grau ou profissão correspondente ao sexo registrado no diploma: doutora, engenheira, mestra, bacharela...</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><br /></i></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj-xUotzFzYzUVVcbOWCXyPn9uk2v33VG5f5yWBhW6meGk5lh7S2baRxj_ABayEzaqucWZngmrASUHnycekEM6UM92jvhkqD4coGTvGCUwR7PPDIEZSCByySnoHvCAVekPDLJScml220aw/s1600/i339972.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="195" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj-xUotzFzYzUVVcbOWCXyPn9uk2v33VG5f5yWBhW6meGk5lh7S2baRxj_ABayEzaqucWZngmrASUHnycekEM6UM92jvhkqD4coGTvGCUwR7PPDIEZSCByySnoHvCAVekPDLJScml220aw/s400/i339972.jpg" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><br /></i></div>
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<br /></div>
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As mulheres são maioria no ensino superior brasileiro. Segundo o Censo da Educação Superior, do MEC, mais da metade (57%) dos quase 6,4 milhões de universitários do país é formada pelo público feminino. A força da mulher nessa área deve ganhar visibilidade com a lei, sancionada em 3 de abril, que determina o uso, em diplomas, da flexão de gênero para nomear profissão ou grau.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A presidenta Dilma Rousseff transformou na lei 12.605 o projeto 6.383 de 2009, que por sua vez teve origem em outro projeto de lei, de 2005, de autoria da então senadora Serys Slhessarenko. Segundo a lei, as instituições de ensino públicas e privadas devem expedir diplomas e certificados com a flexão de gênero correspondente ao sexo da pessoa diplomada, ao designar a profissão e o grau obtido. O artigo 2º da lei indica que as pessoas já diplomadas podem requerer, de graça, emissão de seus diplomas com a correção.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mal nasceu, a lei causa alvoroço. Alguns especialistas consideraram a iniciativa um erro, por confundir o título com o tratamento à pessoa. Em parte, porque usar o gênero masculino para denominar a profissão ou o grau obtido por mulheres é considerado uma tradição do idioma. A pessoa (mulher ou homem) recebe o título de "doutor", mas depois, se for o caso, é chamada de "doutora". A discussão talvez se deva ao fato de o título acadêmico flutuar no discutível domínio do gênero neutro, representado em português pela forma masculina.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Na justificativa da senadora para seu projeto de lei, entretanto, a prática revelaria antes a resistência de um preconceito. A iniciativa visaria, assim, dar um passinho em direção à igualdade de gêneros. Outros já foram dados. O Palácio do Planalto e suas agências de notícias, por exemplo, adotaram o feminino "presidenta" nas referências a Dilma. Escritores e pesquisadores de vários lugares do mundo têm adotado a mesma prática como política de valorização feminina.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Autoestima</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
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Para Antonio Carlos Xavier, professor de português e linguística da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), a curto prazo a lei pode passar despercebida devido ao recente acesso que a brasileira tem ao ensino superior. A médio e longo prazos, no entanto, a lei pode representar um indicador de autoestima para as profissionais brasileiras.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- A lei instaura um princípio da flexibilidade. Juntamente com a tolerância, a flexibilidade é ingrediente essencial à sobrevivência pacífica entre homens e mulheres de diferentes classes sociais, ideologias, etnias e religiões sobre um mesmo espaço. As grandes mudanças começam com pequenas atitudes. Estas passam pela língua sem a qual aquelas jamais aconteceriam - avalia Xavier.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Professora de português da Universidade de São Paulo, Zilda Aquino concorda com a sanção da lei.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- Numa sociedade machista como a nossa, usa-se só o nome masculino mesmo ao referir o feminino. É apagamento da mulher, sim. Neste século 21, as mulheres já conseguem dirigir empresas como a Petrobras e comandar o país. A lei promove e protege a mulher - afirma.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Facilidade</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
Há divergências quanto ao peso dado à lei. Paulo Luis Capelotto, procurador aposentado e professor de Direito Internacional, lembra que as profissões são elencadas pelas secretarias da Educação pelo gênero masculino, não por exclusão ou machismo, mas para facilitar o uso dos termos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- O artigo 5o da Constituição fala sobre igualdade entre homens e mulheres. A sociedade mudou, a estrutura familiar mudou. O próprio Estado prefere transferir imóveis populares à mulher. Isso demonstra a importância e a responsabilidade dela. A lei só se justifica se for um anseio da sociedade, se vai ao encontro da vontade popular - explica.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Para o gramático Evanildo Bechara, a lei comete enganos de teoria gramatical.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- O gênero do substantivo é inato. Há um animal feminino que se chama "gata" e um masculino que se chama "gato". "Cobra" se aplica tanto a machos quanto a fêmeas. Garanto que a presidente não foi bem assessorada por especialistas em teoria gramatical. Essa lei confunde o título com o uso do gênero. Pela tradição, o masculino engloba os dois. Quando digo: "Almocei na casa de meus tios", tanto me refiro a tios como a tias. O masculino é usado nos diplomas porque engloba o feminino, seguindo a tradição da língua - diz Bechara.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Uso popular</b></div>
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<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
Segundo Neusa Maria Oliveira Barbosa Bastos, do departamento de português da PUC-SP e do Centro de Comunicação e Letras do Mackenzie, a lei contraria o desenvolvimento da língua, em que alterações são sempre resultado do uso popular.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- A tradição fixada pelo uso e pela norma aponta para o registro "doutor", "mestre", quando se trata do título. Quando nos dirigimos à pessoa que porta o título, usamos a marca de gênero, como em "doutora Sônia". Mas ao afirmarmos o título de Sônia, dizemos "doutor em linguística, mestre em língua portuguesa, chefe do setor X, diretor da empresa Y" e assim por diante. Dessa maneira, se a norma linguística é o uso relativamente estabilizado em uma língua, deve-se esperar o desenvolvimento natural do idioma, sem que se criem leis para determinar aquilo que não deve ser determinado aleatoriamente - diz a professora Neusa Bastos.</div>
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<br /></div>
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<b>Histórico</b></div>
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<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
Márcia Molina, doutora em linguística e semiótica pela USP e coordenadora dos cursos de licenciatura da Unisa, diz que discussões sobre o gênero de certas palavras remontam, no Brasil, ao final do século 19, início do 20, quando ainda não havia expressões para designar funções até então nunca exercidas por mulheres. O uso do feminino para "presidente" foi alvo de discussões já naquela ocasião, porque a regra geral de flexão nominal informa que os substantivos terminados em o fazem o feminino em a. Em alguns casos, isso ocorre nos terminados em e, como "elefante/elefanta".</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- "Presidente" é palavra de formação latina, que oculta em sua origem uma designação verbal. "Presidente", o que preside. "Residente", o que reside. Mas essa origem se perdeu. Assim, o que temos na memória hoje são os substantivos terminados em e. Como em "elefante", nada obstaria usarmos "residenta", embora soe estranho para muitos - avalia a professora.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Necessidade</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
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O filólogo Manoel Mourivaldo Santiago Almeida, da USP, avalia que a lei apenas ampara uma necessidade de comunicação já solucionada no cotidiano brasileiro.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- A lei apenas normatiza, no papel, para passar a valer também no papel, o que já é norma na prática cotidiana. Quer dizer: agora, amparadas por lei, as instituições formadoras podem escrever, nos diplomas e certificados que emitem, "doutor fulano" ou "doutora fulana". Assim como já observamos, no dia a dia, quando as pessoas do sexo masculino ou feminino são tratadas pelo título que obtiveram ou pelo nome da profissão para a qual estudaram.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Há quem insista, no entanto, que se trata de lei apenas desnecessária por se dedicar a assunto trivial e dispensável. Como disse a presidente da ABL, Ana Maria Machado:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- É uma perda de tempo e esforço. Não falo como presidente da ABL, mas autora. O país tem outras prioridades. Se o objetivo era igualdade de gênero, que se construam creches, para que as mulheres possam trabalhar e ter independência econômica. Que sejam então proibidos nomes como "Juraci" e "Alcione", que a gente nunca sabe se é homem ou mulher.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ela não se lembrou de nomes como Agar, Alair, Eli, Ideli, Íris, Lair, Lemir, Naomi e Sadi. Analistas como Ana Maria parecem acreditar que a lei se refere também a substantivos de gênero único, se houver algum na área acadêmica. Mas ninguém receberá diploma com título de "apóstola", "carrasca", "estudanta" e coisas assim, embora haja o feminino de "bacharel", o esdrúxulo e pouco usado "bacharela". Para tal perspectiva, se "presidenta" tem sustentação na tradição do idioma, presidentes "criativos" poderiam muito bem reivindicar o título de "presidento".</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Exagero</b></div>
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<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
Manoel Mourivaldo, da USP, considera esse tipo de objeção apenas um exagero.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- A lei vale para as palavras biformes, como "doutor(a)", "mestre(a)", "médico(a)", "administrador(a)", "psicólogo(a)", que têm o mesmo radical ou base, com uma forma para o masculino e outra, com a flexão, para o feminino. Não vale, no entanto, para as palavras uniformes ou comuns de dois gêneros, como "dentista" e "motorista". Nesses casos, a distinção do gênero fica por conta do artigo ou adjetivo: o/a dentista, bom/boa gerente - explica o professor.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Lílian Ghiuro Passarelli, do departamento de português da PUC-SP, reitera que a lei é restrita a diplomas.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- Ninguém vai inventar palavra nova para seguir a lei. Muda apenas, na escrita dos diplomas, o registro da profissão, isso se a língua prevê a forma feminina. Outra obviedade, mas que vale a pena ser dita: quem manda na língua é o povo. Essas duas perspectivas implicam que, como lei, terá de constar nos diplomas a flexão de gênero para nomear profissão ou grau do recém-graduado. Mas como a língua é do povo, afora essas situações formais, o povo continuará usando como preferir, flexionando ou não - diz a professora.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mesmo assim, Bechara desconfia do resultado.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- Espero que essa lei seja tão desobedecida quanto a baixada em meados do século passado pelo presidente Juscelino Kubitschek, obrigando ao uso do feminino nos cargos de repartições públicas e que acabou não pegando - diz Bechara.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Desconfiança</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
De todo modo, que mal há em que uma mulher receba o título oficial, registrado no diploma, de "doutora" em vez de "doutor"? Ou de "mestra" em vez de "mestre"? </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- Quem quiser encontrar motivos para criticar a lei tem somente a opção de acusá-la de ser óbvia. Mas ser óbvio, às vezes, é necessário. Parece ser o caso dessa lei, que, talvez sem querer, tenha nos mostrado o processo ideal para o surgimento de toda e qualquer lei: primeiro, observa-se o fato que é da prática cultural de uma sociedade, considerando seus valores e não valores morais e éticos, para depois, pela escrita, torná-lo válido juridicamente - retruca Manoel Mourivaldo, da USP.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Se depender de linguistas como ele, não há motivo para estranhar a lei. Desde que a flexão de gênero se limite a palavras consagradas, como "doutora", "mestra", "médica", "engenheira" e outras já consolidadas ou que venham a incorporar-se à língua, não há razão para choradeiras.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Fonte:</b> <a href="http://revistalingua.uol.com.br/textos/80/o-sexo-do-diploma-260772-1.asp">Revista Língua Portuguesa</a></div>Texto & Contextohttp://www.blogger.com/profile/13031835655652946422noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4772924188482635470.post-17322056001376410992012-06-16T15:00:00.002-07:002012-06-16T15:00:47.192-07:00Pesquisadores apontam em livro 'mentira sobre monogamia'<br />
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<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjqoZNx_VOMfmuI3XEsyWYAXbyuqOSfxOhffvu-8yHftAEv9bFdtpjXm2PCKY99Q9fpSjgku6qKb_9D95eYQpJKGaTFm2evBm1SDH6hITBCMczfDvniAHkuKyTMYIyvvJwFdw4Cyl5u6WU/s1600/casa.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="316" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjqoZNx_VOMfmuI3XEsyWYAXbyuqOSfxOhffvu-8yHftAEv9bFdtpjXm2PCKY99Q9fpSjgku6qKb_9D95eYQpJKGaTFm2evBm1SDH6hITBCMczfDvniAHkuKyTMYIyvvJwFdw4Cyl5u6WU/s400/casa.jpg" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
<b><i>A monogamia é uma das bases sobre as quais se assenta a cultura ocidental, embora haja cada vez mais vozes que a questionem. Os pesquisadores Christopher Ryan e Cacilda Jethá desmontam qualquer convenção sobre a sexualidade e destacam que as restrições são contrárias a nossa natureza.</i></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Os humanos são promíscuos e polígamos. Esta afirmação é de Christopher Ryan e Cacilda Jethá em sua obra sobre a antropologia sexual "No Princípio Era o Sexo".</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
"Quando falamos de promiscuidade, nos referimos à mistura e à troca que nossos antepassados realizavam, em nenhum caso a um comportamento arbitrário. Sem as barreiras culturais, nossas orientações sexuais derivariam em várias relações paralelas de diferente profundidade e intensidade, como nossas amizades, que variam entre elas", reflete Christopher.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Darwin se equivocou</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A maioria dos humanos vive em sociedades que seguem o chamado discurso convencional da sexualidade, que defende que o humano é monógamo por natureza, embora defina o homem como um animal ansioso por "espalhar sua semente"; enquanto a mulher protege seus limitados óvulos daqueles que não lhe asseguram a sobrevivência de seus descendentes, "se vendendo" ao que mais recursos lhe oferecer.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O problema surge, para Christopher e Cacilda, quando esta imagem se apoia em estudos realizados por Charles Darwin há 150 anos em uma sociedade vitoriana puritana, cujo estudo dos primatas, base da tese do casal de pesquisadores, estava nas fraldas. "Darwin sempre foi muito interessado nos dados que questionavam suas teorias, se vivesse agora as revisaria à luz das descobertas mais recentes", afirma Christopher.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Corpos hipersexuais</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Frente à contenção que o discurso convencional apregoa, o corpo humano conta uma história diferente. Baseando-se em diversos estudos, Christopher e Cacilda explicam como o corpo do homem é projetado para uma grande atividade sexual, que supera o necessário para a reprodução.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Isto se observa na desproporção do volume testicular em relação aos outros primatas e a ejaculação de um sêmen que não só procura a concepção, mas a destruição mediante agentes químicos de espermatozoides procedentes de outros machos que possam ser encontrados em seu caminho, o que leva a entender que a mulher também procura ter vários companheiros e potencializar a concorrência espermática na busca da melhoria da espécie.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Além disso, uma alta atividade sexual favorece tanto a saúde do homem, como sua fertilidade que decresce quando não pratica sexo. Da mesma forma, Christopher e Cacilda desmitificam o fato de o sexo ser menos importante para a mulher, por exemplo, graças a sua possibilidade de acumular orgasmos, de tal maneira que esse prazer conduz à busca de sua repetição.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Os autores também não compartilham a ideia de que a mulher seja reservada em sua fertilidade para "prender" o macho, visto que seus seios crescem com a chegada da maturidade sexual e diminuem com a menopausa, ao que se une o fato de que durante a ovulação, os estudos demonstram que a mulher cheira melhor e são mais atrativas para o homem. Além disso, durante esses dias de maneira inconsciente se preocupam mais em se enfeitar.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Christopher e Cacilda entendem que a ideia da poligamia se reforça com a "fraternidade" na qual se transforma o desejo de certos casais após anos de convivência, e que explicam como uma modalidade da repulsão em relação ao incesto e ao chamado a buscar novos parceiros sexuais. Os pesquisadores apontam para outros mitos como "a maior necessidade de troca de companheiras" do homem frente à mulher, apesar de "ambos terem as mesmas necessidades sexuais".</div>
<div>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Revisando o casamento</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O livro destaca a convenção que sustenta nossa família nuclear ao contrastá-los com os casos atuais de tribos como os Kulina da Amazônia, que consideram a troca a maneira natural de acentuar os laços, e os Dagara de Burkina Faso, cujas crianças consideram que são filhos de todas as mulheres, o que não é tão diferente do grande número de adoções que se realiza em sociedades "desenvolvidas".</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Exemplos que se completam com os novos modelos de família que Christopher entende como uma constatação social que algo "falha" na visão sexual do homem." A metade dos casamentos nos Estados Unidos termina em divórcio. Se a metade de nossos aviões caísse, as pessoas não iam querer variar seu modelo?", pergunta o pesquisador.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Embora insista em que seus estudos sejam apenas uma evidência da multiplicidade de caminhos, entre os quais existe a monogamia "como escolha, que não é incorreta, só contrária a nossas tendências evolutivas. É como o vegetarianismo: alguém pode escolhê-lo, mas nem por isso o bacon deixa de cheirar bem."</div>
<br />
<b>Fonte:</b> <a href="http://noticias.br.msn.com/mundo/pesquisadores-apontam-em-livro-a-mentira-sobre-a-monogamia">MSN</a><br />Texto & Contextohttp://www.blogger.com/profile/13031835655652946422noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4772924188482635470.post-30196982321010218812012-06-09T18:38:00.000-07:002012-06-09T18:45:46.366-07:00Da ficção à realidade: a guerra cibernética já começou<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh4kFxRjhnt9XU61nQFAb2wZYuvWcVStUtAhH-lKz3DlNan7dP6cqIG2RF9vmrZSTt_1xYcd90ya1BBRRzxGRjiLr0NS2fDtZmoUWOlu8lTucbqQCywihW7N62QkM7dGWk9zU-R-P1SPCo/s1600/ciberataque+4.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="232" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh4kFxRjhnt9XU61nQFAb2wZYuvWcVStUtAhH-lKz3DlNan7dP6cqIG2RF9vmrZSTt_1xYcd90ya1BBRRzxGRjiLr0NS2fDtZmoUWOlu8lTucbqQCywihW7N62QkM7dGWk9zU-R-P1SPCo/s400/ciberataque+4.jpg" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
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<b>Carlos Castilho </b></div>
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</div>
<div style="text-align: justify;">
O jornal The New York Times revelou na semana passada que os serviços secretos dos Estados Unidos e de Israel utilizam uma arma cibernética chamada Stuxnet há quase dois anos para infectar computadores iranianos e de outros países árabes vistos com suspeitas pelo Departamento de Estado. A ação teria apoio formal do presidente Barack Obama.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Na sexta feira (1/6), o diário The Washington Post consultou fontes oficiais do Pentágono que confirmaram a informação, acrescentando que a mais recente versão do Stuxnet está sendo usada numa operação denominada Olympic Games (Jogos Olímpicos), que tem como alvo específico o programa nuclear iraniano, que já teria perdido entre duas a seis mil centrifugas usadas para enriquecer urânio.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Pouco antes da publicação da noticia do The New York Times, a empresa de segurança na internet Kaspersky Labs distribuiu a seus clientes um alerta sobre um vírus chamado Flame, que estaria contaminando computadores no Oriente Médio com um poder nunca antes identificado na internet. Segundo a Kaspersky, o Flame é 20 vezes mais poderoso do que o Stuxnet e já teria sido detectado nos territórios palestinos, Sudão, Síria, Líbano, Arábia Saudita e Egito.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Segundo técnicos em segurança virtual contatados pelo site CNET News, especializado em notícias sobre internet, o novo vírus foi desenvolvido especificamente para roubar informações em alvos selecionados, e está ativo há pelo menos cinco anos. O site diz que o vírus é tão sofisticado que somente poderia ser desenvolvido por um órgão governamental ou empresa privada contratada por algum governo. O CNET News menciona um blog israelense chamado Tikun Olam, segundo o qual especialistas de seu país teriam participado da criação do Flame e de um outro vírus denominado Wiper, identificado por especialistas das Nações Unidas e que estaria espionando todo o sistema petrolífero do Irã.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O que mais impressiona é que as noticias publicadas agora mostram que a batalha cibernética já tem pelo menos cinco anos de existência e nós ainda acreditávamos que ela era um misto de ficção cientifica e jogo político. A empresa Kaspersky, que fabrica softwares antivírus, adverte que o Flame usa falhas do sistema operacional Windows 7 para instalar Cavalos de Troia em computadores infestados. A diferença é que geralmente os vírus instalados por Cavalos de Troia funcionam autonomamente enquanto o Flame obedece ordens de um comando externo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Segundo a empresa, nada impede que o vírus possa se espalhar pelo resto do mundo, o que poderia configurar um novo sistema de monitoramento de redes de computadores em todo o planeta. Com isso, o debate sobre a privacidade online entra em um novo patamar. Não se trata mais de discutir se ela é boa ou ruim, legal ou ilegal. A guerra cibernética já acabou com ela de fato e não nos resta alternativa senão alterar nossos comportamentos para conviver com um mundo onde as paredes são de vidro transparente.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>Publicado originalmente com o título "A guerra cibernética já começou"</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Fonte:</b> <a href="http://observatoriodaimprensa.com.br/posts/view/confirmado_a_guerra_cibernetica_ja_comecou">Observatório da Imprensa</a></div>
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<br /></div>Texto & Contextohttp://www.blogger.com/profile/13031835655652946422noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4772924188482635470.post-38656217520024871602012-06-02T20:02:00.003-07:002012-06-02T20:14:30.022-07:00Dois anos na blogosfera<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_xfz3We_AZaQ-ygk_euQM0t_PMOF4lXS6F98FtA1HpSodv0l3HsZkvmCRukB05-MBJHeHuLIT6kur_apFsJLYoD2lEdF3qNLr4u3GH6MY5F51Z04jLCfYuG17BImyQZ1f8iLIBI6ZJVU/s1600/2-anos.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_xfz3We_AZaQ-ygk_euQM0t_PMOF4lXS6F98FtA1HpSodv0l3HsZkvmCRukB05-MBJHeHuLIT6kur_apFsJLYoD2lEdF3qNLr4u3GH6MY5F51Z04jLCfYuG17BImyQZ1f8iLIBI6ZJVU/s400/2-anos.jpg" width="400" /></a></div>
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Hoje o blog <b><span style="color: #20124d;">Texto & Contexto</span></b> completa dois anos na blogosfera!</div>
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Pra comemorar esses dois anos consecutivos de informação e cultura, estou preparando surpresas e novidades.</div>
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Para começar com pé direito, iniciei ontem no <b>Facebook</b> uma campanha promocional especial: sortearei no dia 07 de junho o livro "Pais responsáveis educam juntos" da educadora e apresentadora de TV Cris Poli - a Supernanny, A promoção é exclusiva para usuários do Facebook. Para conhecer a promoção e participar basta adicionar o perfil do <a href="http://www.facebook.com/photo.php?fbid=129858660484758&set=a.105185969618694.6784.100003818741945&type=1&theater">Texto & Contexto</a>.</div>
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Nos próximos dias uma superpromoção estará sendo anunciada por aqui.</div>
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Comemore comigo: torne-se um seguidor, compartilhe!</div>
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<b>Sidnei Moura</b><br />
<i>Editor</i><br />
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<i>P.S. Conheça a primeira postagem do blog ha exatos dois anos clicando <a href="http://hipermegatexto.blogspot.com.br/2010/06/em-construcao.html"><b>aqui</b></a>!</i>Texto & Contextohttp://www.blogger.com/profile/13031835655652946422noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4772924188482635470.post-47322911306974209992012-04-22T16:42:00.000-07:002012-04-22T16:49:36.543-07:00A linguagem secreta nos gestos dos maestros<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEigzPnJL3XuG7jQMHWBJLaAt9czObuF74xsoiIGdeNG4WuZx_OVejpawkhCJp19beOhsTAjoCljbRlOFYRkOP78Mw8qo4KiltSPsIWCEOqPA8b4veuFAgvjEP0Oly7HNiz1kFO1Jthd8Ac/s1600/mus.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="220" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEigzPnJL3XuG7jQMHWBJLaAt9czObuF74xsoiIGdeNG4WuZx_OVejpawkhCJp19beOhsTAjoCljbRlOFYRkOP78Mw8qo4KiltSPsIWCEOqPA8b4veuFAgvjEP0Oly7HNiz1kFO1Jthd8Ac/s400/mus.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-size: small; text-align: justify;">O maestro russo Valery Gergiev</span>
</td></tr>
</tbody></table>
<b style="text-align: justify;">Daniel J. Wakin</b><br />
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Braços esculpem o ar. Uma mão se fecha. Um dedo indicador se projeta. O torso oscila para frente e para trás. E, não se sabe como, música jorra em resposta a essa dança misteriosa no pódio, música coordenada com precisão e emocionalmente expressiva.O público dos concertos sintoniza os ouvidos na orquestra e invariavelmente fixa os olhos no regente. Mas mesmo o ouvinte mais experiente pode não ter consciência da conexão sutil e profunda entre a sinfonia de movimentos do maestro e a música que emana dos instrumentistas.</div>
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Assim, num esforço para compreender o que acontece, entrevistamos sete regentes que passaram por Nova York em temporadas recentes, procurando decompor os movimentos em partes do corpo mão esquerda, mão direita, rosto, olhos, pulmões e, o mais indefinível, cérebro. Imagine-se tentando falar com alguém em uma língua totalmente desconhecida por você. Se quisesse expressar algo a essa pessoa sem recorrer à linguagem, como você faria?, disse o regente britânico Harry Bicket. É isso o que fazemos, na realidade.</div>
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Cada regente usa um estilo singular, mas todos querem arrancar dos músicos a performance mais grandiosa possível. Portanto, nossa decomposição do gestual traz algumas generalizações inerentes. É preciso lembrar que a arte de reger não se limita a gestos semafóricos. É uma dança em compasso de dois tempos, envolvendo corpo e alma, gestos físicos e personalidade musical. Um regente com o maior domínio técnico do mundo pode produzir performances insossas. Outro, que faça gestos aparentemente incompreensíveis, é capaz de gerar transcendência.</div>
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Você pode fazer tudo certinho e não criar absolutamente nada interessante, comentou James Conlon, diretor musical da Los Angeles Opera. E pode ser enigmático, mas produzir resultados.</div>
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<b>Mão direita</b></div>
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Tradicionalmente (pelo menos para os destros), a mão direita segura a batuta e marca o pulso. Ela controla o tempo e indica quantas batidas ocorrem em um compasso. A batuta geralmente assinala o início de um compasso com um movimento para baixo (o downbeat). Um movimento para cima (upbeat) é a preparação para o downbeat. Os manuais de regência dizem que o upbeat e o downbeat devem levar o mesmo tempo e que o intervalo deve ser igual ao comprimento da batida. O upbeat é a preparação para qualquer evento, disse Alan Gilbert, diretor musical da Filarmônica de Nova York.</div>
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É crucial definir o tempo certo para uma frase musical. Ninguém menos que o compositor Richard Wagner (1813-83), que também foi um dos primeiros maestros modernos, disse que o dever do regente está contido em sua capacidade de sempre indicar o tempo correto. Mas um regente não é um metrônomo de casaca. Um dos grandes equívocos em relação ao que os regentes fazem é a ideia de que eles ficam lá, marcando o tempo, disse Bicket. A maioria das orquestras não precisa de ninguém marcando o tempo. A batuta também pode moldar o som. A natureza do downbeat abrupta, delicada transmite à orquestra que tipo de caráter deve conferir ao som que vai produzir. A batuta pode suavizar fraseados agitados, realizando o movimento de modo mais abrangente.</div>
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Um gesto mais horizontal pode pedir uma qualidade mais lírica, disse James DePreist, ex-diretor de estudos orquestrais e de regência da Juilliard School. Um gesto para baixo que imite um movimento de arco de violino, disse Bicket, pode colorir o ataque. De acordo com Gilbert, mesmo quando marca o tempo em notas longas, o regente deve procurar comunicar a qualidade sonora que busca, por meio do movimento da batuta. Predecessor de DePreist em Juilliard, o professor de regência Jean Morel, ensinava que a mão e o pulso direito devem ser totalmente autossuficientes, segundo James Conlon, um de seus alunos; devem marcar o tempo, a expressão, a articulação e o caráter para que você possa então aplicar a mão esquerda e reter conforme deseja. Xian Zhang, que é mestre em esculpir uma linha musical com sua batuta, demonstrou isso quando ensaiava a Sinfonia Concertante para Violino e Viola de Mozart com uma orquestra de estudantes na Juilliard School.</div>
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O movimento de sua batuta correspondia estreitamente ao caráter da música, delicado nas passagens suaves, pequeno para acompanhar as cordas, maior para uma melodia de trompa e oboé. Os gestos de seus braços ficavam amplos nas frases vigorosas. Em alguns momentos, os gestos de elevação da batuta pareciam literalmente arrancar os sons. Alguns regentes preferem não usar a batuta em alguns momentos ou o tempo todo. Yannick Nézet-Séguin, que a partir de setembro será o diretor musical da Orquestra da Filadélfia, é um deles. Sua formação se deu principalmente em corais, nos quais raramente se emprega a batuta.</div>
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As mãos estão ali para descrever um certo espaço do som e moldar aquele material imaginário, disse Nézet-Séguin. Aquele corpo imaginário de som está em frente ao maestro, entre o peito e as mãos, ele explicou. É mais fácil quando não há nada em uma mão. Ele começou a usar batuta quando começou a atuar como regente convidado de grandes orquestras, que estavam acostumadas com isso. Valery Gergiev é outro maestro que frequentemente não usa batuta. Sua técnica foi evidenciada num ensaio da London Symphony Orchestra, no Avery Fisher Hall, preparando uma apresentação da Sinfonia nº 3 de Mahler. Gergiev ficou sentado numa cadeira, de modo geral imóvel. Quase toda a ação vinha de sua mão direita, que em muitos momentos estava plana, com o polegar paralelo, como as mandíbulas de um jacaré. Sua mão esquerda fazia pouco, mas era usada ocasionalmente para apontar e encerrar acordes. Gergiev não marca o tempo com sua mão direita, exatamente, mas mexe os dedos no ritmo da música. Seus dedos geralmente estavam esticados, com as palmas para baixo, o pulso voltado para cima na altura de seu rosto. Às vezes ele formava um círculo de ok com o polegar e o indicador e mexia os outros três dedos. À medida que o tempo acelerava, seu pulso ficava mais mole.</div>
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Em entrevista, Gergiev sugeriu que o balançar de sua mão, que descreveu como sendo um hábito, pode ter derivado do fato de ele tocar piano. Sou pianista, e às vezes eu toco a textura, explicou. Ele disse ainda que uma batuta pode se contrapor a um som de canto. O mais difícil na regência é fazer a orquestra cantar, e é aqui que as duas mãos precisam basicamente ajudar os instrumentistas de sopros ou cordas a cantar. Gergiev disse que movimentar uma batuta no ar é como praticar esgrima: Não acho que isso ajude o som.</div>
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<b>Mão esquerda</b></div>
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Tendo entregado as incumbências rítmicas à mão direita, a mão esquerda tem finalidade bem mais maleável. Para explicar em termos grosseiros, se a mão direita esboça os contornos gerais da pintura, a esquerda preenche as cores e texturas. A mão direita cria a casca de chocolate do bombom, e a mão esquerda molda o recheio. Sua principal utilidade prática é dar deixas aos naipes ou músicos individuais sobre quando entrar e quando cortar, o que faz muitas vezes com dedo indicador apontado. Se a mão esquerda se fecha ou o polegar e os dedos se fecham, isso pode fazer a frase musical encerrar-se suavemente. Um movimento rápido para baixo indica um corte abrupto no som.</div>
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James DePreist descreveu os gestos de mão esquerda às vezes inexplicáveis de outros regentes: William Steinberg costumava esfregar os dedos, como no gesto usado universalmente como símbolo de dinheiro. Antal Dorati fazia movimentos de empurrar abruptamente, como se estivesse fazendo uma bola de som subir e ficar boiando no ar. Eugene Ormandy muitas vezes mantinha a mão esquerda segurando a lapela da casaca, enquanto a Philadelphia Orchestra produzia cascatas de sons, observou DePreist.</div>
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Nézet-Séguin é um dos regentes mais expressivos fisicamente, em razão de sua baixa estatura, disse ele. Sua mão esquerda se movimenta constantemente. Ele contou que procura mantê-la em posição lateral em relação à orquestra, para que sua região palmar anterior não seja vista pelos músicos como uma barreira simbólica. Em outro ensaio na Juilliard, Nézet-Séguin indicou entradas fazendo um círculo de ok ou abrindo seu dedo indicador, para assinalar um ataque mais leve. Um dedo indicador que se eleva com cada batida indicava mais volume. Nos acordes de alto volume, ele colocava a mão em forma de concha voltada para cima. Uma mão em forma de concha voltada para baixo pedia uma linha sonora sustentada. Acordes marciais retumbantes eram assinalados por uma mão em punho. A mão plana, com a palma para baixo, pedia um som sustentado e suave. Entradas repetidas eram assinaladas por movimentos como tiros de revólver.</div>
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Gilbert observa que não é preciso dizer a músicos profissionais em que momento de um compasso eles devem entrar. Ele frequentemente se prepara para dar a deixa a um músico, olhando para ele antes da hora, para criar uma conexão com ele e intensificar a energia. O objetivo de uma deixa é fazer com que as pessoas entrem na hora certa e do modo certo, dentro do fluxo, disse Gilbert.</div>
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<b>Rosto</b></div>
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Depois dos braços, a parte mais importante do arsenal do maestro é seu rosto. Sinto como se meu rosto cantasse com a música, disse Nézet-Séguin. Comunicar-se com os músicos por um olhar pode tranquilizá-los e encorajá-los. Por outro lado, alguns regentes, como Fritz Reiner, não mudam de expressão, mas suas gravações são completamente eletrizantes, afirmou Bicket. Manter-se inexpressivo também pode beneficiar a moral dos músicos. Demonstrar sua frustração ou seu desagrado na expressão facial é algo que não ajuda ninguém, disse Bicket. Mas sobrancelhas erguidas podem ser maneiras sutis de transmitir insatisfação. O rosto se torna ainda mais importante quando as mãos estão ocupadas com outra coisa, como, por exemplo, quando um regente toca um teclado simultaneamente, prática comum de especialistas em música antiga, como Bicket.</div>
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Os próprios olhos são o mais importante de tudo quando se rege, disse Zhang. Eles devem ser o que mais revela a intenção musical. Os olhos são as janelas do coração. Eles mostram o que você sente em relação à música. Um semicerrar dos olhos, por exemplo, pode conferir à música uma qualidade distante, disse DePreist. Um truque para criar um bom som orquestral é olhar para os músicos nos fundos da seção de cordas. Com isso, você faz com que eles sejam incluídos no jogo, disse Nézet-Séguin.</div>
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Gergiev utiliza a mesma técnica com os músicos sentados ao fundo. O fato de olhar para ele significa que estou interessado nele. Se estou interessado nele, ele está interessado em mim. Certo? Procuro fazer tudo a partir da expressão e do contato visual. Às vezes é igualmente importante não olhar para os músicos, especialmente durante solos importantes. Essa é uma parte grande dos segredos de regência que não costumam ser verbalizados, disse Zhang. Isso pode evitar que o músico ceda ao nervosismo. E existe um ou outro caso raro do maestro que rege com os olhos fechados e produz grandes performances, como muitas vezes fez Herbert von Karajan.</div>
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Leonard Bernstein foi um dos regentes mais expressivos fisicamente dos tempos modernos, fato que, às vezes, atraía o desprezo dos críticos. Mas também era capaz de reger com as mais sutis expressões faciais, conforme foi evidenciado por um vídeo clássico no YouTube em que suas sobrancelhas dançam, seus lábios se comprimem e seus olhos se arregalam.</div>
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<b>Costas</b></div>
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Nézet-Séguin disse que tomou consciência da postura das costas ao assistir a videoteipes de Karajan. Na época, Nézet-Séguin trabalhava com Carlo Maria Giulini. A diferença principal entre o som de um e outro se devia às atitudes humanas deles, que eram expressas por suas costas, disse ele. A postura básica de Karajan era muito orgulhosa, com os ombros para trás e atitude de estar no comando. É a atitude de alguém que espera que as coisas venham a ele. Para Nézet-Seguin, essa qualidade podia ser fria, majestosa, distante.</div>
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Mas o magrelo Giulini se debruçava para frente assim que a música começava, num gesto de aproximar-se das pessoas, de lhes dar alguma coisa, de servir. É uma linguagem corporal muito reveladora, disse o regente, e estava relacionada às interpretações calorosas de Giulini.</div>
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Zhang costuma debruçar-se para frente para arrancar mais intensidade da orquestra. Às vezes, inclina-se para trás para fazer com que os músicos toquem mais suavemente. Ou então se inclina para frente para cobrir o som, disse ela, como quem apaga um incêndio.</div>
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<b>Pulmões</b></div>
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Os regentes muitas vezes falam da importância da respiração: de inalar junto com o upbeat, para preparar para uma entrada, mais ou menos como um cantor inala antes de começar a cantar. As cordas precisam ser incentivadas a respirar, disse Nézet-Séguin, tanto quanto os instrumentos de sopros. Isso torna a coisa toda mais natural.</div>
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Para Bicket, respirar junto quando ele rege é uma necessidade. Se suas mãos estão ocupadas de outro modo, tocando cravo ou órgão, sua deixa para as entradas muitas vezes é uma respiração audível. A natureza dessa respiração pode afetar a música. Uma inalação forte e aguda gera um som mais nítido e destacado.</div>
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<b>Cérebro</b></div>
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Nas entrevistas, os regentes deixaram claro que, para eles, os movimentos corporais são menos importantes que a preparação mental e as ideias musicais que residem em outra parte do corpo: o cérebro. Os regentes precisam até certo ponto não ter consciência do que estão fazendo com seu corpo, disse Nézet-Séguin. Ele disse ainda que Giulini ensinava que a clareza de um gesto vem da clareza de sua mente. A confusão decorre daquela fração de segundo de hesitação, em que a mente está decidindo qual gesto usar.</div>
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Zhang utiliza uma técnica adotada de seu mentor, Lorin Maazel: Uma projeção mental. Uma imagem mental clara do som que você quer ouvir permite uma entrada clara. Projetar mentalmente o pulso e o som, ela acrescentou, comanda nossas próprias mãos. Como disse Conlon: Poderíamos discutir gestos e posturas físicas interminavelmente, mas, em última análise, há um elemento impalpável e carismático que pesa mais que tudo isso. Até hoje ninguém conseguiu enquadrar esse elemento. Graças a Deus.</div>
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<i>Tradução de Clara Allain</i></div>
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<b>Fonte: </b><a href="http://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/1079612-a-linguagem-secreta-que-ha-nos-gestos-dos-maestros.shtml">Ilustríssima</a></div>Texto & Contextohttp://www.blogger.com/profile/13031835655652946422noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4772924188482635470.post-73026746465335853292012-04-16T12:06:00.001-07:002012-04-16T12:06:22.186-07:00São Carlos inaugura Museu da Tecnologia<br />
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Com a presença do ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp, a Prefeitura de São Carlos inaugurou neste sábado (14), o Museu da Ciência e Tecnologia "Mário Tolentino", às 10h, na Praça Coronel Salles. </div>
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<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi_QtCZMmon5uwYlpbDuhPvtHmzuvdb3_YWaFEDGiiIg3DYrPUkiX-O4tV9_evnd432Nde5KjlNAZQc1W8KeB7wop6fNQ439UPKc6P5JpB6opgNRfYIJgA6JhgwiQgtNkjQdTRVJAvok6A/s1600/inauguracao-do-museu-de-tecnologia-mario-tolentino-14_b620.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi_QtCZMmon5uwYlpbDuhPvtHmzuvdb3_YWaFEDGiiIg3DYrPUkiX-O4tV9_evnd432Nde5KjlNAZQc1W8KeB7wop6fNQ439UPKc6P5JpB6opgNRfYIJgA6JhgwiQgtNkjQdTRVJAvok6A/s320/inauguracao-do-museu-de-tecnologia-mario-tolentino-14_b620.jpg" width="212" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Museu da Tecnologia Mario Tolentino</td></tr>
</tbody></table>
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O espaço apresenta 129 experimentos científicos que ocupam uma área de 1.200 m², simbolizando mais uma fonte de cultura e conhecimento em São Carlos à disposição da população, e ainda com acompanhamento de monitores.</div>
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São experimentos de física, divididos em óptica, espelhos, fluídos, mecânica, som, geração de energia, eletromagnetismo, com previsão para expandir seu acervo para outras áreas da ciência. </div>
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O local conta também com um auditório de 56 lugares para a realização de seminários, palestras e atividades culturais, uma sala de aula para ser utilizada pelo professor visitante e uma área para exposições, que trará sempre novidades para o público.</div>
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O prefeito Oswaldo Barba destaca a importância de programas que incentivam a cultura e a história de São Carlos. "O Museu Mário Tolentino irá incentivar especialmente crianças e jovens a se atraírem por temas ligados à tecnologia e área das ciências exatas. Nosso objetivo é que os alunos das redes pública e privada tenham a oportunidade de ter aulas práticas de física, química e matemática no local", disse o prefeito.</div>
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O projeto para criação do museu surgiu na administração do ex-prefeito Newton Lima, em 2007. A Prefeitura trabalhou em várias frentes para concretizar o projeto, como reservar o espaço físico, captar recursos junto ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (valor global do projeto: R$ 790 mil, incluindo contrapartida da Prefeitura, abrir processos licitatórios para compras dos equipamentos, executar obras físicas, receber equipamentos, treinar monitores que vão trabalhar no espaço, entre outras ações.</div>
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O Museu da Ciência e Tecnologia "Mário Tolentino" está localizado no subsolo da Praça Coronel Salles, no centro da cidade.</div>
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<b>Confira <a href="http://www.saocarlosagora.com.br/cidade/fotos/2012/04/15/322/inauguracao-do-museu-de-tecnologia-mario-tolentino/">galeria de imagens </a>do Museu</b></div>
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<b>Fonte: </b><a href="http://www.saocarlosagora.com.br/">São Carlos Agora</a></div>Texto & Contextohttp://www.blogger.com/profile/13031835655652946422noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4772924188482635470.post-29531267614160689432012-04-12T12:41:00.000-07:002012-04-12T13:32:33.206-07:00O Último Herói do Titanic - uma história de heroísmo e fé inabalável que o cinema não contou<div style="text-align: center;">
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjCWh45bxYuk3Jy3iZmK_e1LDx1bCY8Am0oYWeKgWy-eg4XJ5-oWOQjwoQU_eIaZXN4TxKBnR6x_KgkBWRPkKFfbfe4xcgNRi6pOxhfvHnZv-Sgrj9O_m5-kX76-Ix-IZ_IQFwyeH23whE/s1600/titanic3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="263" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjCWh45bxYuk3Jy3iZmK_e1LDx1bCY8Am0oYWeKgWy-eg4XJ5-oWOQjwoQU_eIaZXN4TxKBnR6x_KgkBWRPkKFfbfe4xcgNRi6pOxhfvHnZv-Sgrj9O_m5-kX76-Ix-IZ_IQFwyeH23whE/s400/titanic3.jpg" width="400" /></a></div>
<i><br /></i><br />
<i>O naufrágio do Titanic é mais que uma tragédia histórica. É heroísmo corajoso e fé inabalável que inspiram todos que conhecem a história completa. Os filmes de Hollywood sobre o Titanic proporcionam grande drama. A exposição de artefatos recuperados do navio desperta muita curiosidade. Mas a história de John Harper causa um impacto que pode transformar vidas.</i></div>
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Enquanto as águas escuras e geladas do Atlântico enchiam lentamente o convés do Titanic, John Harper gritava: “Deixem as mulheres e crianças subirem nos barcos salva-vidas.” Harper tirou seu salva-vidas – a última esperança de sobrevivência – e o entregou a outro homem. Depois que o navio desapareceu sob a água escura, deixando Harper se debatendo nas águas geladas, ouviram-no incentivando os que estavam à sua volta a confiar em Jesus Cristo. Era a noite de 14 de abril de 1912. Uma noite de heróis, e John Harper foi um deles. Apesar das águas que o tragavam serem extremamente frias e do mar à sua volta estar escuro, John Harper deixou este mundo numa resplandecente glória. Os atos de coragem de Harper foram espontâneos. Ele não tinha motivo para imaginar que o Titanic afundaria, nem tempo para escrever um roteiro. </div>
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A revista "The Shipbuilder" descreveu o Titanic como “praticamente insubmergível”. No dia 31 de maio de 1911, um empregado da Companhia de Construção Naval White Star disse: “Nem mesmo o próprio Deus pode afundar esse navio”. O Titanic representava toda a segurança, elegância e confiança da era vitoriana-edwardiana. A Associated Press era entusiasta do navio, declarando: “Tudo que a riqueza e a habilidade modernas podiam produzir estava incorporado no Titanic, o navio mais longo já construído, com mais de 4 quadras de comprimento.., com acomodações para uma tripulação de 860 pessoas e capacidade para 3.500 passageiros, ele foi construído com o mesmo cuidado dedicado aos melhores cronômetros”. A ostentação e o tamanho recorde do Titanic impressionaram a era dourada da construção naval. Seus motores de 50.000 HP que produziam a velocidade de 24 nós por hora eram protegidos por dezesseis compartimentos estanques. Cada um era protegido por estruturas de aço. Na época do seu lançamento, o Titanic era o maior objeto móvel manufaturado do mundo.</div>
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Depois de fazer as duas primeiras paradas para passageiros e correio em Cherbourg e Queenstown, Irlanda, os passageiros se sentiram ainda mais seguros. Harper escreveu numa carta para seu amigo Charles Livingstone antes de atracar em Queenstown, dizendo: “Até agora a viagem é tudo que se pode desejar.”</div>
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Às 11:40 da noite de 14 de abril de 1912, um iceberg rasgou o lado estibordo do navio, jogando gelo por todo o convés e arrebentando seis compartimentos estanques. O mar se infiltrou. A maioria dos passageiros não acreditava que o Titanic afundaria até que a tripulação começou a lançar foguetes de sinalização para o alto. Charles Pellegrino disse: “A água brilhou por todos os lados. Barcos salva-vidas podiam ser vistos nela… Naquele enorme facho de luz artificial, as mentes também foram iluminadas. Todos entenderam a mensagem dos foguetes por si próprios”. Depois dos foguetes, ninguém precisava ser convencido a entrar nos barcos salva-vidas. De repente, quando a água alcançou a metade da ponte de comando, um estrondo que parecia um milhão de pratos quebrando, cortou a noite. Enquanto a popa do Titanic subia alto no céu para se preparar para seu mergulho ao fundo do mar, um barulho terrível como uma explosão abalou o ar da noite. Passageiros davam-se as mãos e se jogavam na água. Às 2:20 da manhã o Titanic começou sua descida lenta para o fundo do mar, deixando uma nuvem emergente de fumaça e vapor acima do seu túmulo. Nas águas geladas do Atlântico Norte, na calada da noite, o navio mais famoso do mundo terminou sua primeira e última viagem, mas alcançou uma mística náutica que só perde para a da arca de Noé. Tudo aconteceu tão rápido, que Harper só pôde reagir. Sua reação deixou um exemplo histórico de coragem e de fé. “Os heróis da humanidade”, disse A. P Stanley, “são como as montanhas, como os planaltos do mundo moral”. John Harper foi um desses heróis.</div>
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Nunca é fácil assumir tais ações heróicas, e para John Harper foi excepcionalmente difícil. Sua filha pequena, Nana, estava viajando com ele. Quatro anos antes, a mãe dela adoeceu e morreu. Agora, Harper sabia, Nana ficaria órfã aos seis anos de idade.</div>
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Quando o alarme indicou o fim do Titanic, Harper imediatamente entregou Nana a um capitão do convés com ordens para colocá-la num barco salva-vidas. Então ele saiu para socorrer os outros. Nana foi resgatada e mandada de volta à Escócia, onde cresceu, casou-se com um pastor, e dedicou toda a sua vida ao Senhor a quem seu pai tinha servido.</div>
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Certa vez, depois de Harper escapar por pouco de se afogar aos 26 anos, ele disse: “O medo da morte não me preocupou em momento algum. Eu acreditava que a morte súbita seria glória súbita, mas havia uma menininha sem mãe em Glasgow”. Agora, essa menininha ficaria sem mãe e sem pai. Com certeza essa foi a parte mais difícil para Harper. O heroismo altruísta desse escocês é acentuado pela conduta contrastante de muitos colegas passageiros nessa viagem mortal. Enquanto Harper entregava seu colete salva-vidas, um banqueiro americano conseguiu colocar um cachorro de estimação num barco salva-vidas, deixando 1.522 pessoas sem ajuda. Não havia um espírito de “afundar com o navio”. Dos 712 salvos, 189 eram, inclusive, homens da tripulação. O coronel John Jacob Astor tentou escapar com sua mulher num barco salva-vidas e foi detido pelo segundo-oficial Charles Lightoller. Astor era o homem mais rico do mundo, mas isso foi insuficiente para forçar a sua entrada num simples barquinho salva-vidas. Daniel Buckley se disfarçou de mulher na tentativa de conseguir um lugar no barco. Os passageiros da primeira classe, no primeiro barco salva-vidas a ser baixado, se recusaram a voltar e recolher pessoas que estavam se afogando, apesar de haver espaço para muitos outros serem salvos. A Sra. Rosa Abbott, a única mulher a afundar com o navio e sobreviver, disse que um homem tentou subir nas suas costas forçando-a para baixo da água e quase afogando-a.</div>
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A coragem de Harper não vinha da ignorância. Provavelmente ninguém no Titanic conhecia tão bem os terrores do afogamento como John Harper. Aos dois anos de idade ele caiu num poço e foi ressuscitado a tempo por sua mãe. Aos vinte e seis anos, Harper foi levado a alto mar por um correnteza e sobreviveu por pouco. Aos trinta e dois anos ele encarou a morte num navio com vazamento no Mediterrâneo. Talvez essa fosse a maneira de Deus testar esse servo para a sua missão de último aviso no Titanic. Harper já sabia o que centenas de pessoas descobriram naquela noite trágica – afogamento é uma morte terrível. Will Murdoch, o primeiro-oficial do Titanic, foi incapaz de enfrentar uma morte lenta na água e se matou com um tiro quando a ponte de comando afundou. Muitos dos 1.522 homens, mulheres e crianças abandonados a bordo gritaram até ficar num silêncio terrível. Em contraste, um John Harper confiante encarou a morte com segurança absoluta de que Jesus derrotou a morte e deu-lhe a dádiva da vida eterna. Essa segurança ultrapassou os terrores do afogamento.<br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGQi20NyoLqq7W4_k4z9N7WRH-iIv_GZRFgimix-dhzqzDFe3vCWBBON7okyQZx6YliENIJ_byZLJjkGBAmZ75Ev1i2ayXzpvHyY7PNmgmpdR2DAvzjpN3iCc-fuxZeQ-ksWKF_oD4zwE/s1600/titanic_01.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="227" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGQi20NyoLqq7W4_k4z9N7WRH-iIv_GZRFgimix-dhzqzDFe3vCWBBON7okyQZx6YliENIJ_byZLJjkGBAmZ75Ev1i2ayXzpvHyY7PNmgmpdR2DAvzjpN3iCc-fuxZeQ-ksWKF_oD4zwE/s320/titanic_01.jpg" width="320" /></a></div>
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<b><i>O excerto acima </i></b>compõe um dos capítulos do livro <b>"O Último Herói do Titanic" </b>de <b>Moody Adams, </b>publicado no Brasil pela Actual Edições, selo editorial da Obra Missionária Chamada da Meia Noite e disponibilizado gratuitamente no formato eletrônico.</div>
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Baixe gratuitamente o e-book <b><a href="http://issuu.com/chamada/docs/o_ultimo_heroi_do_titanic">aqui</a></b></div>
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<i><br /></i></div>Texto & Contextohttp://www.blogger.com/profile/13031835655652946422noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4772924188482635470.post-28515275001641693872012-04-04T16:11:00.002-07:002012-04-04T18:58:56.286-07:00Com quase 4 livros por habitante, São Carlos supera índice internacional<br />
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<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiocHruADxi4wC8LRf7Fe4LWSuvqgpGPDKH6wBmW1OLI8Y41-XTfw-mELnWF12W1ohgNfTD6id08Jeou7Bz3J5IEjLj2_VC06S-b6F3m_Ivmiw4r42LXETS-7zVzCiL6BrBTFtp0GmiPhk/s1600/casa.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="221" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiocHruADxi4wC8LRf7Fe4LWSuvqgpGPDKH6wBmW1OLI8Y41-XTfw-mELnWF12W1ohgNfTD6id08Jeou7Bz3J5IEjLj2_VC06S-b6F3m_Ivmiw4r42LXETS-7zVzCiL6BrBTFtp0GmiPhk/s320/casa.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">A Casa da Cultura em São Carlos <br />
abriga a Biblioteca Pública Municipal</td></tr>
</tbody></table>
A cidade de São Carlos ultrapassou o índice da Federação Internacional das Associações Bibliotecárias, que prevê que as bibliotecas públicas ofereçam, no mínimo, de 1,5 a 2,5 livros por habitante. O município é reconhecido no cenário brasileiro por seu alto desenvolvimento tecnológico e o conhecimento acadêmico oriundos de suas universidades (UFSCar e USP) e centos de pesquisa (duas unidades da Embrapa e dois parques tecnológicos). Livros e bibliotecas não poderiam faltar em uma cidade que respira educação.</div>
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Em 2010, São Carlos foi apontada como a 5ª cidade do país em bibliotecas por habitante, segundo ranking realizado pela Fundação Getúlio Vargas a pedido do Ministério da Educação, no 1º Censo Nacional das Bibliotecas Públicas Municipais. Agora, um levantamento da prefeitura de São Carlos mostra que a população conta com um acervo de cerca de 850 mil livros à disposição (exatos 844.610 livros). Isso equivale a 3,8 livros por habitante (221 mil moradores segundo o IBGE 2010).</div>
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Segundo o estudo Guidelines for Public Libraries (Orientações para Bibliotecas Públicas), elaborado pela Federação Internacional das Associações Bibliotecárias (IFLA, da sigla em inglês) em 2000 e reeditado em 2001, as bibliotecas públicas devem oferecer, no mínimo, de 1,5 a 2,5 livros per capita.</div>
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Em São Carlos, os livros que podem ser retirados - e levados para casa - são em número menor, 2,2 livros/pessoa, porém dentro da orientação da Ifla. Entre as bibliotecas em que qualquer pessoa da comunidade pode se cadastrar e fazer a retirada de livros estão a biblioteca da Unicep com um acervo de aproximadamente 76 mil livros; a Biblioteca Comunitária da UFSCar com acervo de 241.563 livros; as Bibliotecas Municipais e das Escolas do Futuro, com acervo de 164 mil livros; e a do Centro de Divulgação Cientifica e Cultural (CDCC) da USP São Carlos, com 19 mil volumes.</div>
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Além destas, as bibliotecas locais da USP (bibliotecas da Escola de Engenharia de São Carlos, do Instituto de Física de São Carlos, do Instituto de Ciências Matemáticas e da Computação, e do Instituto de Química de São Carlos) disponibilizam o acervo para consulta a qualquer cidadão e empréstimos apenas para os estudantes da universidade. As bibliotecas da USP têm, juntas, aproximadamente 376 mil livros.</div>
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Entre as empresas da cidade, a Tecumseh do Brasil mantém a biblioteca Ítalo Savelli com acervo disponível para funcionários e familiares com aproximadamente 7.800 livros.</div>
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<b>Biblioteca Inclusiva</b></div>
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A cidade de São Carlos também se destaca por oferecer um acervo diferenciado de 3.197 livros em Braille que podem ser encontrados no Espaço Braille (2 mil livros) e biblioteca Comunitária da UFSCar (com outros 1.119 livros). No Espaço Braille é possível encontrar literatura diversificada para pessoas com deficiência visual, que vão desde literatura infanto-juvenil até temas mais complexos como medicina e saúde. Estes usuários também conseguem, através do Espaço Braille, ter acesso a autores consagrados como Mário Quintana, Eça de Queiroz e Carlos Drummond de Andrade entre outros.<br />
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<b>Fonte: </b><a href="http://www.saocarlosagora.com.br/policia/noticia/2012/04/04/28470/com-quase-4-livros-por-habitante-sao-carlos-supera-indice-internacional-2/">São Carlos Agora</a><br />
<b>Imagem: </b><a href="http://www.saocarlosemimagens.blogspot.com/">São Carlos em imagens</a></div>Texto & Contextohttp://www.blogger.com/profile/13031835655652946422noreply@blogger.com2