Agamenon Mendes Pedreira
Para comemorar os quase 1 milhão de espectadores do meu filme “As Aventuras de Agamenon, o Repórter” que, aliás, ainda está em cartaz em muitos cinemas no Brasil, resolvi curtir o Carnaval no Rio de Janeiro em 2012. No Carnaval, aqui em casa, nós seguimos a Lei de Muricy (Ramalho): cada um trata de si. Eu vou pra Marquês de Sapecaí e a Isaura, a minha patroa, uma mulher recatada de família, vai fazer um retiro de fundo espiritual com um pessoal que ela conheceu num clube de swing.
No Sambódromo, obra genial arquitetossauro Oscar Niemeyer (que, dizem no Tweeter, está pegando a Dona Canô ), acontece todos os anos o Desfile das Escolas de Samba do Rio de Janeiro, um evento mitológico que atrai várias celebridades famosas do mundo inteiro. Esse ano dizem que quem vem é a cantora Rihanna. Quem também vinha era a Whitney Houston mas ela preferiu sair no chão . E hoje à noite, é claro, estarei marcando presença no animado Camarote da Brahma onde pretendo bater algumas carteiras das celebridades VIP (Very Impotent People), tomar umas Devassas e comer umas Antárticas.
O Desfile das Escolas de Samba do Grupo Especial é um dos mais espetaculares eventos culturais brasileiros produzido pela estética desvairada homoerótica dos carnavalescos esquisitões, pela comunidade marginal do samba e financiada pela ilegalidade bicheiro-contraventista carioca. O resultado desse sincretismo eroto-religioso-carnavalesco é uma apopôteose do samba de raiz e outros termos antropológicos de duplo sentido.
Mas antes de encarar a boca livre do Camarote Número Um, vou sair em vários blocos de rua e fazer xixi na rua emporcalhando vários pontos turísticos da Cidade. Como um cachorro folião, estarei urinando e demarcando o meu território nos tradicionais blocos Cacique Mijamos, no Mijão do Bola Preta ,na Banda de Xixipanema, no Uremia é Quase Amor, no Sujaço do Cristo e, como agora eu também sou da turma do cinema, no bloco Me Urina que Eu Sou Cineasta.
Este ano, como a idade já está pesando, só vou sair em 8 escolas. Atendendo ao convite do genial carnavalesco Paulo Barros, sairei como destaque na Unidos da Tijuca totalmente nu, com o corpo pintado de dourado em cima de um carro alegórico usando apenas um tapa sexo de 3 metros e meio, confeccionado especialmente para a minha pessoa. “Devido de quê” a minha avantajada fantasia, a Escola aproveitou para colocar no meu tapa sexo vários anúncios e apoios culturais: Viagra, Cialis, Levitra, Catuaba do Norte, Amendoins Agtal e, na ponta, um anúncio do Iogurte Danone.
Infelizmente, o carnaval não é só alegria. O STF proibiu os Blocos de Sujos e decretou que agora só pode Bloco Ficha Limpa. Por causa dessa decisão arbitrária dos magistrados togados, muitos políticos amigos meus, coitados, não vão poder mais botar seus blocos na rua e a grana na Suíça. É por isso que eu me lembro com saudade das falcatruas de outrora, das jogadas de rua, do entrudo com 20 % de comissão e dos pagodes da Tia Negociata... Essa inocência dos carnavais do passado não volta mais. Só eu e Sérgio Cabral (pai) é que sabemos: o carnaval hoje em dia é uma festa comercial. Antigamente no Carnaval, as bundas saíam de graça, mas agora... só com patrocínio!
Obs.: Para reprimir o turismo sexual, o Ministério da Pesca resolveu recolher as piranhas que infestam o carnaval carioca.
Agamenon Mendes Pedreira é arritmista da escola Terceira Idade Independente de Padre Miguel.
Publicado como "Bunda, suor e cerveja"
Fonte: Blog do Agamenon - O Globo
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