Nota do editor: Em discurso aos participantes do Forum Social Internacional em Porto Alegre, o secretário geral da presidência Gilberto Carvalho declarou que o "estado estuda criar mídia estatal para classe C", cujo objetivo principal seria “uma disputa ideológica com líderes evangélicos pelos setores emergentes [da população brasileira]” e afirmou que “a chamada nova classe média não pode ser deixada à mercê dos meios de comunicação no país”, que “o governo deve ‘radicalizar’ a democracia e investir em comunicação de massa”, que “toda essa gente que emerge [a classe média emergente] não deve ficar à mercê da ideologia disseminada pelos meios de comunicação” e que “ [nesse ponto], com todo o cuidado, o Estado pode ter uma vertente autoritária”. Em resposta ao ocorrido, o pastor e jornalista Silas Daniel redigiu texto abaixo, que após publicação em seu blog pessoal, faço questão de reproduzir aqui por trazer como tema possíveis características que influenciarão futuramente a mídia e a imprensa brasileira.
Nas eleições de 2010, uma onda conservadora, capitaneada em maior parte por evangélicos, levou o pleito presidencial para o segundo turno. Naquela época, preocupados com o que viram, a então candidata Dilma Rousseff e seus aliados saíram às pressas desdizendo-se de posicionamentos históricos, assinando documentos de compromisso e fazendo concessões atrás de concessões para apresentar uma imagem de Dilma diferente daquela que a sua biografia e declarações demonstravam. Controlado o “incêndio”, Dilma se elegeu com 56% dos votos contra 44% do tucano José Serra. Mas, no seu discurso na noite de 31 de outubro de 2010, mesmo vitoriosa, ainda fez questão de asseverar que preservaria alguns valores dos quais era acusada de tentar solapar, valores estes que seriam absolutamente desnecessários mencionar, se sobre ela não pesasse fortes suspeitas contra eles. Disse ela na ocasião: “Zelarei pela mais ampla e irrestrita liberdade de imprensa. Zelarei pela mais ampla liberdade religiosa e de culto”. Era Dilma querendo dizer: “Vocês, que estão entre os 44% que não votaram em mim e que, em sua maioria, temem que eu sabote as liberdades de imprensa e religiosa por causa do PNDH 3, do [então] PL 122 e da proposta do Conselho Federal de Jornalismo: não se preocupem, porque eu zelarei por essas liberdades”.
À época, ao anunciar o nome do presidente eleito, o presidente do TSE chegou até a aludir à obrigação que o novo líder tinha de zelar pela imprensa livre. “Sem imprensa, não há democracia”, disse Ricardo Lewandowski no seu anúncio oficial. O presidente do TSE brasileiro temendo que a presidente recém-eleita solapasse os valores democráticos? Para usar um mote lulista: Nunca antes na história deste país após a sua redemocratização.
Bem, os meses se passaram e, após alguns escândalos dos quais a presidente conseguiu sair incólume pela ajuda da própria imprensa – que, em grande parte, condescendeu com ela dizendo que Dilma estava fazendo uma “faxina” ao demitir ministros que, na verdade, ela só demitia a contragosto, para não deslustrar sua própria imagem –, pensava-se que o PT esqueceria por um tempo o seu ranço com os evangélicos. Mas, não é o que aconteceu.
As derrotas impostas sobre os projetos de lei contra a “homofobia” e o “kit gay” nas escolas, e os entraves em relação ao projeto de lei que criminaliza as palmadas, mostraram às esquerdas que a única barreira sólida contra sua revolução progressista no Brasil chama-se “moral cristã” – esposada hoje principalmente pelos evangélicos, já que a Igreja Católica em nosso país já foi, em grande parte, cooptada pelas esquerdas. Logo, as esquerdas acreditam que a única forma de destruir de vez o que resta de conservadorismo na sociedade brasileira, para que todos os seus ideais de mundo consigam ser implantados sem dificuldade sobre nosso povo, é combater o discurso moral evangélico.
Não, não sou eu que estou inventando isso. Segundo edição online de 28 de janeiro do jornal "Folha de São Paulo", na última sexta-feira, Gilberto Carvalho, ministro-chefe da Secretaria da Presidência da República, em discurso no Fórum Social de Porto Alegre, “defendeu uma disputa ideológica com líderes evangélicos pelos setores emergentes [da população brasileira]” e afirmou que “a chamada nova classe média não pode ser deixada à mercê dos meios de comunicação no país”, que “o governo deve ‘radicalizar’ a democracia e investir em comunicação de massa”, que “toda essa gente que emerge [a classe média emergente] não deve ficar à mercê da ideologia disseminada pelos meios de comunicação” e que “Aqui [nesse ponto], com todo o cuidado, o Estado pode ter uma vertente autoritária”. Leia aqui e aqui.
Friso as expressões: “autoritária”, “radicalizar” e tudo em nome de uma “luta ideológica com líderes evangélicos”.
Ou seja, as esquerdas e o governo vêem a moral cristã defendida pelos evangélicos como um alvo a se combater. Por isso, haverá, segundo dizem, uma “luta ideológica” em que o “virtuoso” governo não poderá deixar a “indefesa” classe média “à mercê” de uma pregação conservadora, chegando a pensar em uma media “autoritária”, mas “com todo cuidado”, para combater ideologicamente o discurso conservador, especialmente o evangélico.
Queridos leitores, alguém poderia me dizer o que significaria o Estado usar uma medida “autoritária, mas com todo o cuidado” contra os evangélicos para combater ideologicamente seu discurso conservador? Alguém poderia dar uma sugestão do que isso seria? Estou curioso. E você?
Fonte: Blog Silas Daniel
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