segunda-feira, 5 de março de 2012

Tereza Cristina: uma vilã de desenho animado

Tony Goes

Tereza Cristina e Crô
Gilberto Braga é meu autor de novela favorito. Hoje em dia ele escreve em parceria com Ricardo Linhares e mais um monte de colaboradores, mas a força de sua grife é enorme: basta seu nome estar na equipe para que uma novela se torne "de Gilberto Braga".Mesmo assim, demorei a me interessar por "Insensato Coração" (Globo). Achei os primeiros capítulos confusos e com um excesso de tramas paralelas.

Só fui me interessar para valer lá pela metade, quando Norma (Glória Pires) saiu da prisão e começou a executar sua vingança. No final, desmarcava compromissos só para ficar em casa e não perder um único capítulo.Gostei tanto que, quando "Insensato" finalmente acabou, foi com a maior das más vontades que comecei a ver "Fina Estampa". Achei frouxa a trama de Aguinaldo Silva, com personagens desinteressantes e ausência de grandes conflitos.

Mas o público não concordou comigo. "Fina Estampa" logo se firmou como o maior sucesso do horário nos últimos anos. O povão se identificou com o embate entre a pobre-porém-honesta e a pérfida grã-fina, um dos clichês mais clássicos do folhetim.

Agora "Fina Estampa" entra em sua reta final, e preciso confessar que minha antipatia diminuiu. Tudo por causa da Tereza Cristina: uma antagonista totalmente sem motivação para cometer maldades, que se mete em trapalhadas mas nunca perde a pose. Uma vilã de desenho animado, como bem alertou o autor.

Os golpes planejados pela perua interpretada por Christiane Torloni são dignos do coiote que perseguia o Bip-Bip: elaboradíssimos, com enormes chances de dar errado --e muitas vezes dão. Só faltam vir em caixas estampadas com a marca "Acme".Além do mais, a relação com o mordomo Crô (Marcelo Serrado) evoluiu para diálogos que lembram as melhores "sitcoms" americanas.

Nesse ponto, o contraste com "Insensato Coração" é total. Lá havia um núcleo dramático barra-pesada, centrado em Norma e Leo (Gabriel Braga Nunes), cercado por leves historinhas de amor. Em "Fina Estampa" acontece o contrário: a malvada também fornece alívio cômico, deixando os temas mais pesados (doença terminal, luta pela guarda de um bebê) para os personagens secundários.

Aguinaldo Silva já emitiu sinais de que Tereza Cristina não morrerá no final --ao contrário de sua antepassada direta, a Nazaré Tedesco (Renata Sorrah) de "Senhora do Destino". Tomara: eu não ficaria triste se, terminada "Fina Estampa", a "rainha do Nilo" e seu fiel escudeiro Crô ganhassem um programa próprio.

Fonte: F5

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