sexta-feira, 13 de julho de 2012

Os pequenos absurdos de "O Maior Brasileiro de Todos os Tempos"




Tony Goes

O primeiro dos doze programas da série "O Maior Brasileiro de Todos os Tempos" (SBT) foi ao ar na quarta passada, mas já sabemos quem vai ganhar. O pouco de suspense possível foi dissipado antes mesmo da estreia, quando Silvio Santos proibiu que seu nome fosse votado, assim como o de qualquer contratado de sua emissora.

Os vencedores foram óbvios em quase todos os países onde o formato desenvolvido pela BBC foi produzido. Alguém duvida que os sul-africanos escolheriam Nelson Mandela? Ou que os britânicos iriam de Winston Churchill, seu último grande herói nacional?

Se não houve surpresas, pelo menos não faltaram controvérsias. Os telespectadores chilenos elegeram Salvador Allende, o presidente esquerdista deposto por um golpe militar em 1973. Apesar de ter se tornado um mito, Allende está longe de ser uma unanimidade em seu país.

Outro bafafá aconteceu em Portugal, onde o ditador Antonio de Oliveira Salazar venceu figuras de porte como Vasco da Gama ou Pedro Álvares Cabral. Salazar foi sem dúvida alguma a figura dominante da história portuguesa do século 20, mas seu legado ainda divide os lusos.

Aqui no Brasil, o programa estreou com um quinhão razoável de polêmicas. Como é que, entre os Amados, preferimos o Batista ao Jorge? Fernando Collor de Mello, escorraçado do poder em 92, emplacou a 78ª posição? E quem é Lua Blanco?

"O Maior Brasileiro de Todos os Tempos" não teria a menor graça se não fosse por esses pequenos absurdos. Uma lista elaborada por historiadores seria muito mais justa, é claro, mas também aborrecidíssima.

Comenta-se que torcidas organizadas de líderes evangélicos e jogadores de futebol estejam empurrando seus ídolos para a frente. Não há mal nisto, a não ser o assombro de ver um goleiro melhor posicionado no ranking do que um cientista.

O programa tem o mérito de contar um pouco da vida e obra de cada um dos classificados, o que é ótimo no caso de personalidades mais obscuras como o padre Landell de Moura. Mas os especialistas chamados a avalizar os eleitos poderiam ter variado mais: eram sempre os mesmos.

Carlos Nascimento, fazendo sua estreia em programa de auditório, ainda precisa se soltar mais, mas até que segurou bem a peteca. Mas não deixa de ser irônico vê-lo comandando uma atração dessas, onde Tiririca é considerado mais importante do que o Marechal Rondon ou o Duque de Caxias --justo Nascimento, que em janeiro passado desabafou que estamos todos ficando mais burros.

Só para zoá-lo, já sei em que eu votaria como a maior brasileira de todos os tempos: Luiza, que está no Canadá.

"O Maior Brasileiro" é para gerar polêmica, não suspense.

Publicado originalmente com o título  "O Maior Brasileiro" é para gerar polêmica, não suspense"

Fonte: F5

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